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Romance de escritor chileno traz reflexões sobre relações familiares
Publicado em 2021 pela Companhia das Letras, o romance Poeta Chileno do escritor Alejandro Zambra usa o cotidiano e a literatura como cenário para investigar as relações humanas, especialmente as familiares. Além de seu valor artístico e narrativo, o livro também oferece reflexões sobre paternidade, rupturas e as relações entre padastros e enteados.
A presença do padrasto, uma figura muito menos empregada na literatura do que a da madrasta, por exemplo, é vista como extremamente positiva pelo desembargador Lourival Serejo, diretor nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família - IBDFAM. "A reflexão sobre a condição de padrasto pode contribuir da maneira mais positiva possível na discussão da formação familiar por instalar-se um ambiente dialógico, democrático em que cada membro da família toma consciência da sua função", pontua.
Para Lourival, um outro ponto interessante na obra é a forma como temas importantes do Direito das Famílias são abordados, ainda que brevemente. "A alienação parental é tratada de forma sutil, mas as consequências são percebíveis com nitidez. No instante em que o enteado se liberta da influência da alienante, há uma volta sadia do convívio entre padrasto e enteado", comenta o desembargador.
A nomenclatura do relacionamento entre os personagens ainda impulsiona uma discussão interessante, uma vez que as classificações tradicionais de 'padrasto' e ‘enteado’ não eram bem-vindas. “Por que não chamar filho quando era assim que o considerava? O sentimento que ele tinha por Vicente [personagem do livro], que ele ajudou a criar desde os seis anos de idade, quando se uniu à mãe dele, ia além da condição de padrasto. Do seu lado, a criança sentia por ele algo maior do que nutria por seu pai biológico, distante e nada receptivo”, destaca Lourival.
O vínculo criado entre os personagens, que persiste mesmo após o término da relação entre o protagonista e a mãe biológica de Vicente, não se restringe a literatura, como exemplifica Lourival a partir de sua trajetória profissional. “Como juiz de família, deparei-me, muitas vezes, com alguns “Gonzalos” [padrasto personagem do livro]. Após a separação ou o divórcio, o padrasto queria ter assegurado seu direito de visita ao enteado ou enteada, a quem muito se apegara”, afirma, incentivando que mais colegas busquem a obra. “Em todas as obras literárias os advogados têm muito o que encontrar”.
Confira aqui o artigo completo de Lourival Serejo.
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