Direito de Família na Mídia
Famílias estão menos exigentes para adoção de crianças, diz Justiça
28/05/2012 Fonte: Estado de MinasO processo de adoção sempre foi permeado por exigências dos postulantes a pais. Fatores como idade, raça e estado de saúde ainda são requisitos para o acolhimento de uma criança, mas a cultura da adoção começa a apresentar os primeiros sinais de evolução. Se em 2006 apenas 18% das famílias não tinham qualquer restrição a raça, hoje 32% não fazem distinção entre adotar uma criança branca, parda ou negra. As crianças saudáveis ainda são as mais solicitadas, mas nos últimos três anos dobrou o número de inscritos que aceitavam crianças com problemas físicos recuperáveis. Os dados fazem parte do levantamento feito pelo Setor de Estudos Familiares da Vara Cívil da Infância e Juventude de Belo Horizonte.
Mesmo com avanço, adotar uma criança com a saúde mais comprometida ainda é uma exceção. Mas foi o que fez a família de Vera Cardoso de Almeida Santana, de 53 anos. Casada e mãe de um garoto, não estava nos planos da psicóloga fazer uma adoção. Até que um dia ela cruzou com Abílio em uma casa de caridade. Ele tinha apenas 2 anos e uma paralisia cerebral que causa um comprometimento severo. Quando perguntada sobre o que a levou a adotá-lo, se embola e não sabe explicar direito. "Quando vi o Abílio fui tomada por um amor, por uma urgência em tê-lo como meu filho, que não tenho uma explicação racional. Nesses quatro anos que ele está conosco, esse amor só cresce", diz.
Na família, a chegada de Abílio se tornou um consenso com o passar do tempo. O filho mais velho, hoje com 18 anos, foi visitar a criança e também foi "fisgado". "A gente deixou que o amor nascesse no coração de cada um. Primeiro meu filho foi conhecê-lo e ficou apaixonado. Meu marido teve uma nova paternidade constituída na convivência: ele é um pai melhor do que se fosse biológico, de tanto carinho e dedicação que tem por Abílio." Na semana passada, depois de quatro anos, Vera recebeu a certidão de nascimento do filho mais novo. "Agora ele tem pai, mãe, irmão, avós, primos, tudo o que tem direito", diz orgulhosa.
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