Direito de Família na Mídia
Em Minas mulher é condenada a indenizar ex-marido por traí-lo
31/10/2007 Fonte: Espaço VitalCasamento pressupõe deveres de lealdade, respeito e fidelidade. E, se algum desses compromissos for rompido ou pelo marido, ou pela mulher, a dor moral pode ser reclamada na Justiça e compensada financeiramente. A teoria é da 13ª Câmara Cível do TJMG, que confirmou a decisão da primeira instância que condenou uma mulher a indenizar seu ex-marido em R$ 15 mil, por danos morais, porque ele descobriu, depois da separação do casal, que não era o pai biológico da filha que nasceu durante o casamento.
O ex-marido alegou que, depois de homologada a separação judicial, foi alertado por vizinhos e pessoas de seu convívio social, inclusive colegas de trabalho, de que havia dúvidas quanto à paternidade de sua filha caçula, nascida durante seu casamento com a mulher. O homem pediu exame de DNA e a dúvida foi desfeita: ele não era o pai da criança.
O ex-pai, um comerciante de Belo Horizonte entrou, então, com ação de reparação contra a ex-mulher para reparar os danos psíquicos que alega ter sofrido. Sustentou que "ela omitiu deliberadamente quem era o verdadeiro pai da criança, o que abalou sua honra e dignidade".
Em sua defesa mulher alegou que só soube que seu marido não era o pai da criança quando tomou conhecimento do resultado do exame de DNA. Acusou também o ex-marido de ter "um comportamento agressivo e libertino", e da prática de "atos sexuais excêntricos e relacionamentos homossexuais".
O juiz Matheus Chaves Jardim, da 19ª Vara Cível de Belo Horizonte, acatou o pedido do homem e fixou a reparação por danos morais em R$ 15 mil, considerando a frustração e melancolia que o ex-marido passou ao ser subtraído, repentinamente, de sua condição de pai, "calando-lhe profundamente ao espírito a constatação tardia de não lhe pertencer a criança". O magistrado também considerou as condições sociais e financeiras dos envolvidos.
O Tribunal de Justiça mineiro manteve a sentença. O relator do recurso, desembargador Francisco Kupidlowski, ressaltou que "o casamento faz nascer entre os cônjuges direitos e deveres recíprocos, destacando-se entre eles os deveres de lealdade, respeito e fidelidade". Acompanharam o relator os desembargadores Adilson Lamounier e Cláudia Maia.