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Dica IBDFAM: Mais do que um filme de revanche, Bela Vingança aborda machismo, violência sexual e revitimização

Em Bela Vingança (Promising Young Woman), os traumas do passado de Cassie (Carey Mulligan) fazem-na reagir contra a violência sexual que incide sobre as mulheres. Disposta a eliminar homens abusadores, ela frequenta bares todas as noites e finge estar bêbada. Os mal-intencionados que se aproximam nem desconfiam do destino que os esperam neste filme escrito e dirigido por Emerald Fennel, vencedora do Oscar de melhor roteiro original.
O filme ajuda a refletir sobre a violência sexual e de gênero. É o que afirma a advogada Ana Beatriz Bicalho, presidente da Comissão de Gênero e Violência Doméstica da seção Rio de Janeiro do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM-RJ. Ela lembra que, por esse trabalho, Fennel está entre as sete mulheres indicadas à melhor direção pela Academia.
“Apesar de, inicialmente, parecer um típico filme de revanche, Bela Vingança não apenas critica as comédias românticas hollywoodianas que banalizam situações envolvendo mulheres, bebedeiras e sexo, como, principalmente, questiona a legitimidade do consentimento feminino em situações de vulnerabilidade, ainda que decorrente do uso voluntário de psicotrópicos”, aponta.
Ela acrescenta: “O longa aborda machismo, abuso sexual e o falso moralismo e vai além, jogando luz sobre a ausência de empatia dos próprios pares, observando, ainda, o risco inerente à cumplicidade masculina quando extremada, bem como revitimização decorrente da inércia daqueles que deveriam proteger as vítimas, mas optam por julgá-las moralmente”.
Ativismo e inclusão de vulneráveis
Para Ana Beatriz, mesmo esse filme, mais pautado no suspense do que no drama, pode contribuir no enfrentamento de problemas sociais. “A arte tem um papel fundamental no ativismo e na inclusão das minorias e vulneráveis”, defende.
“Até mesmo em casos como Bela Vingança, que sob o disfarce de entretenimento alcança espectadores de diferentes faixas etárias, gêneros e realidades sociais, trazendo à pauta várias questões. Uma mulher estar bêbada ou sob efeito de drogas autoriza abusarem sexualmente dela? Uma mulher sob o efeito de psicotrópicos tem capacidade de entender o que é consentimento? Você estaria aqui se essa mulher não estivesse bêbada/drogada? Você nunca bebeu mais do que deveria e dependeu dos outros?”, indaga.
A advogada lembra que a história foge do maniqueísmo, “já que a própria personagem principal nada tem de heroína”, e “não oferta respostas, apenas levanta indagações que há muito precisam ser reavaliadas”.
BELA VINGANÇA
Filme. Suspense. Direção: Emerald Fennell. Com Carey Mulligan, Bo Burnham, Alison Brie, Clancy Brown, Jennifer Coolidge, Connie Britton e Laverne Cox. Disponível em: Apple TV, NOW, Google Play e YouTube Filmes.
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