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A visibilidade lésbica e a “eterna” batalha contra o preconceito
Foi comemorado, nesta terça-feira (29), o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Amplamente repercutida - sobretudo nas redes sociais -, a data reforçou o combate ao preconceito praticado contra mulheres lésbicas. Criado em 1996, durante o 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), o evento tornou-se um marco no cotidiano de lutas da mulher gay, que, além de sofrer discriminação pelo fato de ser homossexual, enfrenta ainda outra questão: a misoginia (ódio ou aversão às mulheres).
“Antigamente, as siglas eram GLBT e, pela questão da causa feminista, foi requerido o ‘L’. Inclusive a Organização das Nações Unidas (ONU) e outras ONG’s, em caráter internacional, começaram a usar a sigla LGBT. E no Brasil, então, isso foi instituído. Depois tentou-se colocar só GLS; e hoje, então, LGBTI - abarcando também os intersexos. A data é importantíssima! Pelo fato de sermos mulheres, sofremos machismo diário. Ainda ontem, no Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, uma mulher foi estuprada dentro de um ônibus, na Avenida Paulista, cartão postal de São Paulo”, comenta Patrícia Gorisch, presidente da Comissão de Direito Homoafetivo do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM).
Ela garante que as dificuldades enfrentadas pela mulher são gigantescas. A ONU, recentemente, lançou um relatório justamente sobre a desigualdade, apontando que, no Brasil, se terá igualdade entre homens e mulheres somente daqui a 80 anos. “São dados impactantes! Vimos mulheres invisíveis em cargos de gestão, direção, na política (apenas 12% do Senado e 13% da Câmara dos Deputados) - um dos piores índices de mulheres na política do mundo. Estamos atrás de países como Ruanda - que, por questões óbvias, tem mais mulher do que homem, tendo sido instituído a questão da cota -, então a participação da mulher na política, hoje, está muito aquém, e a tendência é só piorar”, protesta.
“Tudo fica mais difícil”
“Além de ser mulher, é lésbica”. Gorisch explica que a mulher, nesta condição, enfrenta invisibilidade, preconceito e lesofobia. “É importante não colocar ‘homofobia’ para mulheres lésbicas, para justamente pontuar que é algo específico”, pontua. Ela ressalta: “Por isso é tão importante ter essa questão pontual das mulheres lésbicas, porque existe aí uma vulnerabilidade. Então, a mulher lésbica sofre duplo preconceito. Tudo fica muito mais difícil. E, obviamente, outras questões podem ser somadas, como por exemplo: se ela for negra, sofrerá uma terceira situação. E se ela for lésbica, negra e pobre, é pior ainda. Sendo assim, a luta dessas mulheres é justamente para tentar diminuir a distância e o preconceito, aumentando, assim, suas oportunidades na vida”, finaliza.
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