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Tentativa de adoção frustrada
“Você é forte. A vida após a casa de acolhimento é só mais uma fase e acreditar em si mesmo faz toda a diferença. Seja honesto, perseverante e tenha vontade de viver”. Essa é a mensagem que Emerson Antônio Silva de Moraes, 23 anos, deixa para todos os jovens que vivem em abrigos brasileiros e estão prestes a completar 18 anos. Ele nos contou sua história de vida e revelou que sonha em adotar um dia.
Emerson é estudante de administração e vive em Cuiabá, capital do Mato Grosso. Ele chegou em um abrigo pela primeira vez aos nove anos de idade. Antes disso, tinha uma vida muito humilde ao lado da mãe, irmãos e padrasto. “Era uma situação de pobreza extrema, vivíamos catando lixo e mendigando na rua. Para piorar, meu padrasto judiava de todos nós. Não suportei essa situação e fugi de casa”, relembra.
Ainda menino, Emerson foi morar nas ruas de Cuiabá, onde ficou por dois dias até ser recolhido pelo Conselho Tutelar e encaminhado novamente para casa. Mas o sofrimento não terminou. As agressões e dificuldades vividas em família continuaram. “Foi quando decidi pedir ajuda. Sair do colo da minha mãe foi doloroso, uma decisão extremamente difícil, mas quando o promotor de justiça me mandou para o abrigo chamado Projeto Nossa Casa tudo mudou. Lá, eu me alimentava bem, tomava banho e dormia em uma cama”, conta o estudante.
Apesar disso, a criança continuava sentindo falta de algo, principalmente do amor de uma família. Com o passar do tempo, a esperança em saber se a sua situação seria resolvida ou não só aumentava. Não bastasse todo o sofrimento vivido em tão pouco tempo de vida, Emerson teve suas expectativas novamente frustradas quando soube que uma família teve a intenção de adotá-lo, mas não conseguiu dar prosseguimento ao processo porque o garoto ainda não havia sido destituído do poder familiar.
Ele ficou acolhido em abrigos durante nove anos. Enquanto se aproximava da maioridade, passou a conviver com o medo de não ter para onde ir, sem saber o que seria de sua vida. Quando deixou o acolhimento, Emerson recebeu a ajuda de alguns padrinhos e chegou a morar em três casas diferentes. O último deles lhe ajudou a pagar o aluguel de uma quitinete até o jovem conseguir sua casa própria. “Sempre digo que tive muita força divina, pois consegui ser beneficiado pelo programa Minha Casa Minha Vida e hoje tenho meu próprio lar. Muitos outros não tiveram a mesma sorte”, salienta.
Atualmente, Emerson cursa nível superior e trabalha como assistente de um advogado que é deficiente visual, em Cuiabá. “Entendo que houve melhora no sistema de adoção, em relação ao que era antes. Os processos estão sendo mais ágeis. Torço muito por aqueles que continuam nos abrigos”, afirma. Para o futuro, o jovem planeja se casar e sonha em adotar uma criança ou adolescente.
Emerson Antônio Silva de Moraes
Foto: Divulgação
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