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Projeto Justiça no Bairro realiza primeiro casamento homoafetivo no Paraná
Foi celebrado, no último sábado (15), no ginásio de esportes da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), em Londrina, o casamento coletivo de 241 casais. O casamento coletivo é uma realização do projeto ‘Justiça no Bairro’ e do SESC/PR, em parceria com a UNOPAR e dois cartórios de registro civil.
Um dos casais que oficializaram a união foi Juliana Aparecida Moloni e Mônica Aparecida de Carvalho, vestidas a caráter elas estavam radiantes, Mônica como manda o figurino de vestido longo, maquiada e penteada, já Juliana de terno e gravata para acompanhar a elegância da companheira. “Nós resolvemos buscar os nossos direitos e fomos até o SESC para fazer a inscrição e participar do casamento coletivo. Apresentamos os nossos documentos e prontamente nos atenderam. Agora estamos aqui para concretizar mais uma etapa nas nossas vidas”, disse Juliana. Além da troca de alianças, elas também uniram os sobrenomes.
Para a advogada Patrícia Gorisch, vice-presidente Nacional da Comissão de Direito Homoafetivo do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), o tabu com relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo ainda existe, mas a Resolução 175/3013 do Conselho Nacional de Justiça que regulamentou o casamento homoafetivo, as pessoas estão aceitando melhor. “Quando os nossos legisladores tratarem o assunto com naturalidade, quando virmos mais pessoas casando, mais pessoas vão enxergar aquilo como natural, porque é! O diferente, o escondido, torna-se alvo do desconhecido e como queremos viver sempre em zona de conforto, o desconhecido torna-se perigoso, um desafio que ninguém quer enfrentar, por isso a importância de ter leis, resoluções, tratados, palestras sobre a temática. Quanto mais falarmos sobre isso, mais o estigma some, mais as pessoas param para refletir sobre isso”, disse.
No mundo
Em diversos países do mundo o casamento entre pessoas do mesmo sexo é autorizado, no Brasil ainda há resistência, por parte do legislativo, para regulamentar a matéria, segundo a advogada, por que aqui o poder legislativo não respeita a laicidade do Estado.
“Nosso legislativo tem hoje uma bancada religiosa que legisla não para o povo como deveria, mas para uma parcela do povo religioso que considera o amor entre duas pessoas do mesmo sexo uma abominação. Países até mais religiosos como o nosso, como o México, Portugal e Espanha, aprovaram leis que permitem o casamento e até a adoção entre casais do mesmo sexo. O legislativo, nesses paises, respeitou as pessoas, e não a religião. A laicidade é importantíssima para a independência do Estado”, assegura.
Ela destaca que em Portugal, apesar de o casamento homoafetivo ser permitido a adoção não é, “isto porque, de acordo com Marianna Chaves, membro do IBDFAM, que cursa doutorado naquele País, houve uma articulação da Igreja a fim de impedir a adoção. No entanto, cremos que tal proibição não durará muito tempo, já que o casamento está consolidado”.
Neste ponto especifico, Portugal segue a mesma linha de raciocínio do Brasil, não respeitando o Estado laico, o que e muito triste, assegura Patrícia, “já que impede a felicidade de muitos casais e principalmente, muitas crianças que querem ser amadas, que querem ter uma família”, ressalta.
No Brasil os tribunais têm admitido a possibilidade da adoção por casais homoafetivos com base no princípio do melhor interesse da criança. A advogada reflete ainda, que “para a criança, estar num lar onde será amada e respeitada, com uma família, é bem melhor que morar num abrigo, onde não há o amor de um lar, onde não há a qualidade de vida de um lar”.
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