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Espetáculo baseado no texto de Harold Pinter traz à tona conflitos familiares
imagem por Guga Melgar
O pai mora com o irmão e dois filhos numa casa ao norte de Londres: o suposto cafetão Lenny, o boxer de inteligência questionável, Joey e o irmão do patriarca, o motorista de táxi Sam. A relação entre eles é desestabilizada com a chegada do filho pródigo Teddy, que foi para os EUA lecionar filosofia e sua mulher, Ruth. A família proletária é tensionada pela mulher e pela presença do filho que não mais compartilha daquele universo
“A volta ao lar”, espetáculo de Bruce Gomlevsky, baseado no texto de Harold Pinter, de 1965, fala dos conflitos e desejos reprimidos que permeiam as relações desta família e lança um olhar irônico sobre os valores familiares tradicionais.
A peça que recebeu histórica montagem brasileira protagonizada por Fernanda Montenegro, Sérgio Britto e Ziembinski e teve tradução de Millôr Fernandes no final dos anos 60, está em cartaz em São Paulo até o dia 09 de setembro. A montagem atual, que também tem tradução de Millôr, conta com elenco formado pelo próprio diretor Bruce, ao lado de Arieta Correa, Tonico Pereira, Milhem Cortaz, Jaime Leibovitch e Gustavo Damasceno.
O diretor explica que, quando a peça estreou nos anos 60, o papel da mulher na sociedade estava sendo questionado. Esse questionamento é expresso pela personagem ambígua, que ora pode parecer ceder às vontades dos homens e ora os coloca no chão, trazendo à tona toda a fragilidade masculina. “A personagem vive um casamento falido, mas tem um senso de liberdade muito grande. Ela se deixa levar pelos instintos para conseguir lidar com os homens. Eles chegam a propor que ela se torne prostituta da casa, mas a mulher faz uma série de exigências, inclusive com contrato e testemunha. Ela põe eles no bolso e a fragilidade dos homens aparece”, relata.
Guga Melgar
Um diretor de família
Além do espetáculo “A volta ao lar”, estão no currículo do diretor Bruce Gomlevsky as peças “Homem travesseiro” e “Festa de Família” que também propõem a reflexão sobre temas polêmicos que envolvem as famílias. “Homem travesseiro”, peça inglesa contemporânea, conta a história de um escritor que escreve contos de terror influenciado pela sua infância em que os pais abusavam do irmão dele. O protagonista mata os pais aos 14 anos e usa seus contos como reverberação da própria realidade. “A peça questiona até que ponto a arte pode influenciar uma pessoa a cometer crimes. Ao mesmo tempo que a arte não pode ser censurada. É um tema bem atual”, acrescenta o diretor. “Homem travesseiro” estreia dia 13 de setembro no Rio de Janeiro.
“Festa de Família”, montada em 2009, é uma tragédia contemporânea onde a questão familiar se foca nos segredos nunca revelados, na hipocrisia, no incesto e na pedofilia. “Essas três peças soam como uma trilogia das famílias que trata de temas traumáticos como pedofilia, abuso e incesto. Esses temas são relevantes e mais comuns do que se imagina. As peças geram uma reflexão importante sobre os temas”, completa.
Assista ao espetáculo
Local: SESC Consolação / Teatro Anchieta
Rua Dr. Vila Nova, 245 /
Vila Buarque – SP. Tel: 11 3234.3000
De sexta a sábado, às 21h; domingos, às 18h
Ingressos : R$32,00, R$16,00 (meia-entrada) e R$8,00 (comerciários)
• bilheteria: 12h às 22h (2ªf a 5ªf); a partir das 12h (6ªf), das 9h (sábado) e das 14h (domingo).
• acesso a deficientes: sim / ar condicionado: sim / estacionamento próprio: sim
• metrô: Estação República (linha vermelha / linha amarela)
Classificação Etária: 16 anos
Temporada: até 09 de setembro
Atendimento à imprensa: ascom@ibdfam.org.br