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Evento discute direitos dos jovens LGBT
O Grupo da Diversidade Sexual de Santos, em parceria com IBDFAM, comemorou o dia 19 de julho com filme e debate.
O encontro, realizado na forma de uma roda de conversa, colocou em debate questões de grande importância para a juventude gay como a falta de capacitação de professores para lidar com a diversidade sexual. Pesquisa indica que pelo menos 80% dos docentes se dizem despreparados para abordar o assunto. É assim que, sem a compreensão dos mestres e acossados pelo preconceito dos colegas, muitos jovens homossexuais escolhem abandonar a escola. A abordagem da diversidade sexual foi facilitada pela apresentação de filmes que ajudaram o público a mergulhar na compreensão do universo jovem.
Um jovem se joga em cima dos caminhões após se sentir rejeitado pela mãe e pela família conservadora. O filme “Oração para Bobby” baseado em fatos reais e inspirado no livro "Prayers for Bobby: A Mother's Coming to Terms with the Suicide of Her Gay Son", de Leroy Aarons abriu o evento comemorativo ao dia 19 de julho, dia Nacional da Juventude LGBT realizado no auditório da OAB Santos. A escolha do filme foi intencional, a ideia era chamar a atenção da sociedade para
o drama de ser gay na juventude.
O evento foi organizado pela Comissão Nacional e Estadual de Direito Homoafetivo do IBDFAM, Grupo da Diversidade Sexual de Santos, Comissão Especial de Vereadores para a Diversidade, Coordenadoria Estadual para a Diversidade Sexual da Secretaria de Justica e Cidadania do Governo do Estado de São Paulo, Comissão da Diversidade Sexual e Direito Homoafetivo da OAB/Santos, Grupo Formigueiro, Prefeitura Municipal de Santos. A programação começou com a exibição do filme e seguiu com a realização de uma roda de conversa em que os presentes tiveram a oportunidade de falar acerca do desenvolvimento de seus trabalhos e atividades, homofobia e a construção de políticas públicas direcionadas à população LGBT.
Patrícia Gorisch, presidente da Comissão Nacional e Estadual da Diversidade Sexual e Direito Homoafetivo do IBDFAM, conta que o evento teve participação significativa de autoridades e de jovens militantes da causa LGBT. "Tivemos pelo menos 60 pessoas a mais do que nos eventos anteriores programados para discutir a diversidade sexual'.
Durante o encontro foram discutidos diversos temas ligados à juventude LGBT nos eixos: educação, família, saúde e mercado de trabalho. E alguns dados ainda assustam. De acordo com a pesquisa da Fundação Perseu Abramo, 87% dos brasileiros tem algum grau de homofobia. Trinta e quatro por cento dos alunos sofreram homofobia, pela primeira vez, nas escolas; 80% dos professores não se sentem preparados para lidar com a temática. No relatório da Comissão de Direitos Humanos da ONU publicado em 2011, o Brasil ficou entre os países mais homofóbicos. O bullying é uma das principais causas de evasão escolar e conseqüentemente, os jovens não são inseridos no mercado de trabalho. “O objetivo foi discutir a juventude LGBT enquanto cidadão. Daí a necessidade de se trabalhar os direitos dos LGBT’s dentro das escolas, já que o grande problema do Brasil, hoje, é a homofobia em ambiente escolar”, completa Patrícia.
A ideia de realizar uma roda de conversa também não foi por acaso. Patrícia explica que a organização se preocupou em criar um ambiente mais livre que estimulasse a presença e participação dos jovens. “Tivemos até o testemunho de um jovem que decidiu se assumir no dia do seu aniversário e foi rejeitado pela mãe”, comenta. Além das discussões, a organização do evento distribuiu o Estatuto da Diversidade Sexual e recolheu assinaturas para que o ante- projeto possa tramitar no Congresso Nacional.
Dia 19
E para a causa homossexual, ontem foi um dia representativo. Além dos diversos eventos que discutiram a juventude LGBT, em Santos, o juiz Frederico dos Santos Messias, da 4ª Vara Cível da Comarca de Santos, realizou a conversão de união estável em casamento entre dois homens. “O casal estava lá. Disseram estar passando a lua de mel no evento”, comenta a presidente. Ela destaca que a movimentação em torno dos direitos da comunidade gay na cidade do litoral paulista é intensa. Patrícia conta que, na última semana, foi realizada uma capacitação para os membros do GTT, com os temas de legislação e sobre o Estatuto
da Diversidade Sexual. A advogada representa o IBDFAM no Comitê LGBT de Santos.
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