Direito de Família na Mídia
Italiano desperta de coma depois de dois anos e diz ter ouvido tudo
11/10/2005 Fonte: MigalhasUm italiano que passou quase dois anos em coma profundo - depois de um acidente de trânsito - e era tido como um caso perdido pelos médicos despertou dizendo ter ouvido e entendido tudo o que se passava ao seu redor durante esse longo drama. Salvatore Crisafulli, pai de quatro filhos, descreve seu caso como um "milagre" que prova que não existem causas perdidas. Sua recuperação parece ter fortalecido a posição dos italianos contrários à eutanásia.
Seu irmão chegou a compará-lo à norte-americana Terri Schiavo, uma mulher da Flórida, vítima de lesões cerebrais, que morreu em março, depois que a Justiça autorizou a retirada do seu tubo de alimentação. As informações são do saite Aol Notícias.
"Os médicos diziam que eu não estava consciente, mas eu entendia tudo e gritava desesperado", disse Crisafulli, segundo a imprensa italiana na quarta-feira. Os comentários foram feitos ao seu irmão na Sicília quando Crisafulli, 38, começava a se recuperar lentamente.
Ele saiu do coma há três meses, mas só começou a falar recentemente. Sua primeira palavra foi "mamma", disse sua mãe aos jornalistas.
A notícia surge no momento em que uma comissão nacional de bioética - da qual participam juristas - defendeu a obrigatoriedade dos cuidados a pacientes inconscientes, mesmo àqueles contrários a medidas médicas extraordinários para mantê-los vivos.
A comissão governamental, que serve de ponto de referência para os parlamentares, tomou essa decisão no final de setembro, mas um documento sobre o tema ainda está sendo finalizado.
"Alimentar um paciente inconsciente por meio de um tubo não é um ato médico", disse o presidente da comissão, Francesco D´Agostino. "É como dar uma mamadeira a um recém-nascido que não pode ser amparado por sua mãe. E então refletimos sobre o caso Schiavo. A mulher foi deixada para morrer de fome."
O caso Schiavo até hoje provoca comoção na Itália, onde a Igreja Católica exigiu que os médicos continuassem a alimentá-la, apesar da vontade em contrário do seu marido.
O papa João Paulo 2º morreu dois dias depois de Schiavo, e o Vaticano, na época, comparou um tribunal norte-americano a um "verdugo" por exigir que o tubo de alimentação fosse retirado dela.
O italiano Crisafulli provavelmente nunca mais será o mesmo de antes do acidente. A mãe diz que ele tem dificuldades de fala, mas a família garante que ele parece alerta e consciente. "Meu irmão fala e se lembra. Não espero que seja como era, mas já é um milagre", disse Pietro ao jornal Corriere della Sera. "E pensar que alguns médicos disseram que tudo seria inútil e que ele estaria morto em três ou quatro meses."