Direito de Família na Mídia
Legalização do aborto na África do Sul não impede clandestinidade
09/04/2012 Fonte: OperamundiProibido na maioria dos países do mundo, o aborto é legalizado na África do Sul desde 1996. O procedimento é gratuito para as gestantes que não têm condições de pagá-lo. Porém, devido à desinformação, muitas mulheres - muitas delas estrangeiras - ainda recorrem às clínicas ilegais. De acordo com as autoridades locais, grande parte da população sul-africana mora em municípios afastados das grandes cidades, principalmente nas zonas rurais, onde há pouca instrução. Essas áreas concentram numerosos casos de abuso sexual de todos os tipos e negligência na saúde. Segundo estatísticas oficiais, uma mulher é violentada a cada 27 segundos na África do Sul.
Para uma mulher que deseja abortar, há uma ampla oferta de clínicas clandestinas, todas facilmente encontradas em anúncios em postes e nas estações de trem no centro da Cidade do Cabo. Davi, médico que trabalha em uma delas, explica como funciona o procedimento: "fazemos o aborto em qualquer período de gestação. Até o quarto mês de gravidez cobramos 300 rands (cerca de 75 reais). Um remédio é ingerido e outro introduzido na vagina. Depois, a grávida aguarda 72 horas e, caso necessite, retorna à clínica para retirar o feto." A partir do quinto mês o procedimento é diferente. "Cobramos 600 rands (150 reais) para fazer a intervenção cirúrgica. A paciente toma uma anestesia geral para que possamos retirar o feto", conta Davi.
Segundo o médico, a maioria das pacientes vem de países vizinhos e que há frequentemente menores de idade. "Não temos restrições quanto à nacionalidade ou à idade da grávida. Apenas pedimos para que o pagamento seja feito em dinheiro e na primeira consulta", diz. Dr. Davi termina dizendo que o procedimento pode ser realizado até o oitavo mês e demora em média duas horas. Segundo informações da Ong Marie Stopies, o principal risco apresentado neste último estágio da gravidez é a aplicação da anestesia errada, que causa a morte instantânea do bebê e da mulher.
Apesar de o tema ainda gerar polêmica no país, mais de 100 mil mulheres abortam todos os anos na África do Sul. "Decidi fazer o aborto quando fui casada com um homem extremamente agressivo, que me batia e abusava de mim diariamente. Ele tinha um filho de um relacionamento anterior. A decisão foi difícil, porque eu não podia sustentar duas crianças com meu salário, e meu marido na época não trabalhava", explica a vendedora sul-africana, Karen Kotze, de 30 anos, que abortou com nove semanas de gestação. "Sabia que aquele não era o momento e fiz o aborto. Não voltaria atrás na minha decisão, pois não tinha dinheiro para sustentar outra criança", justifica.
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