Direito de Família na Mídia
Tênis muda destino de crianças carentes
05/03/2012 Fonte: TJ-MGGabriel teve seu destino mudado pelo projeto de inclusão social Bom na Escola, Bom no Tênis, idealizado por Rowilson Gomes Garcia, juiz da 4ª. Vara Cível de Araguari. "É uma criança que jamais teria acesso a esse mundo", reconhece o magistrado. O projeto foi criado em abril de 2005, quando o juiz, que também é tenista, decidiu construir uma quadra de tênis de saibro em Estrela do Sul. Do lado de fora da quadra, acumulavam crianças e adolescentes ociosos, que assistiam às partidas. Sensibilizado, o juiz decidiu selecionar, com a ajuda do conselho tutelar e de uma assistente social judicial, menores carentes para que pudessem receber aulas de tênis na quadra.
No início, era um grupo de aproximadamente 15 deles. Hoje, são cerca de 300, já que a iniciativa se expandiu, com a implantação do Programa Tênis nas Escolas, em 2011, e está sendo realizada também na cidade de Grupiara, vizinha à Estrela do Sul. Do projeto, surgiu uma equipe de competição composta por 50 tenistas, que participam das etapas de torneios promovidos pela CBT, Federação Mineira de Tênis e Superliga de Tênis, além de várias outras competições abertas, sempre obtendo resultados e classificações animadoras.
"Nosso objetivo nunca foi formar atletas, mas sim usar o esporte para a inclusão social e a educação, introduzindo e reforçando valores como responsabilidade, solidariedade, tolerância, disciplina e a importância do estudo e da leitura para o crescimento pessoal, entre outros", relata o juiz. Mas, às vezes, o projeto se depara com talentos inegáveis, como o de Gabriel. "Ele é o diamante de Estrela do Sul", diz o magistrado.
Para participar do projeto, os meninos e meninas, de 4 a 18 anos, precisam se comprometer a manter um bom rendimento escolar: essa é a condição básica. Além de receberem as aulas de tênis, por meio de parcerias e da ajuda de voluntários eles são acompanhados de perto por uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, odontólogo, assistente social, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, entre outros profissionais. As crianças e adolescentes recebem uniformes, tênis e raquetes, além de ajuda na alimentação, despesas de transporte, hospedagem e inscrição nos torneios de tênis.
Consolidado, o Bom na Escola, Bom no Tênis tem ampliado cada vez mais suas parcerias. Hoje, as crianças e adolescentes treinam em seis quadras, construídas com recursos da Secretaria de Desenvolvimento Social do Governo do Estado de Minas Gerais numa área de mais de 33 mil metros quadrados, doada pelo município de Estrela do Sul. No momento, o projeto se empenha para construir no local a sua sede, que contará com vestiários, sala de computação, cozinha, academia, sala de estudo e de formação profissional, playground e brinquedos pedagógicos.
Impactos do projeto
Desde 2010, o projeto mantém um convênio com a Universidade Antônio Carlos de Araguari (UNIPAC), por meio do qual a instituição fornece desconto nas mensalidades para os tenistas do projeto. Dois deles, que começaram no projeto ainda adolescentes, hoje já cursam a faculdade. "No final deste ano eles se formam em Educação Física. Agora, são multiplicadores da iniciativa, atuando como professores voluntários de tênis dentro de escolas. Trabalham, também, no Fórum de Estrela do Sul", conta o juiz.
Os dois ex-beneficiados pelo projeto são outros modelos do propósito da iniciativa: descortinar um novo horizonte de possibilidades para as crianças e os adolescentes. "O tênis é apenas uma ferramenta que usamos para atingir um objetivo maior, que é quebrar o ciclo de formação de menores infratores. Geralmente, eles vêm de famílias humildes, são marginalizados e excluídos. O que fazemos é colocar na vida desses meninos novos ingredientes, para que fiquem menos vulneráveis aos desvios", explica Rowilson Garcia.
Os impactos do projeto alcançam toda a comunidade de Estrela do Sul. Desde que o projeto surgiu, o município não registra um ato infracional sequer que seja atribuído a um adolescente. "A mesma caneta que corrige, que pune, é que aponta o caminho a seguir. A atividade típica do judiciário é a aplicação de penas, mas podemos atuar na outra ponta, na prevenção", diz. "Temos esse compromisso social. E podemos passar o know how do nosso projeto a outras pessoas, para ele seja replicado", completa o juiz.
Os reflexos positivos do projeto são sentidos também dentro dos lares. "Antes, o Gabriel não gostava de ir para a escola. Mas, depois que entrou para o projeto, há quatro anos, não falta mais às aulas e as notas dele são quase sempre A. O tênis mudou a vida dele, que está tendo também a oportunidade de viajar, de conhecer outras realidades", orgulha-se a mãe do atleta, a servente de limpeza Maristela Santiago Rodrigues. Gabriel, que agora pode acalentar novos sonhos, já tem uma meta na vida: "Quero ser um tenista profissional", avisa. Se depender de talento, o futuro dele está garantido.
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