Direito de Família na Mídia
Pai vai pedir à Justiça que autorize a eutanásia do filho
30/08/2005 Fonte: Espaço Vital
Alegando estar "cansado de sofrer" e após ter conhecimento de que o quadro de saúde de seu filho de quatro anos é irreversível, o recepcionista J.D.O., 35, de Franca (São Paulo), confirmou que está pedindo à Justiça de S. Paulo autorização para realizar a eutanásia da criança. Internado há quatro meses no CTI do Hospital Unimed, o menino tem uma rara doença degenerativa do sistema nervoso central.
Segundo o diretor clínico e chefe do CTI infantil do hospital, Luís Fernando Peixe, não há chance de recuperação. A síndrome metabólica degenerativa paralisou o corpo da criança e, por isso, há quatro meses ela não deixa o hospital, onde deve continuar até o fim da vida. O garoto, que completará cinco anos em 21 de setembro, é alimentado por meio de sonda, respira com o auxílio de aparelhos, não enxerga, não fala e não movimenta o pescoço, as pernas ou os braços.
Para o pai, somente a eutanásia resolverá a dor do filho. A mãe do menino, R.S.S. 22 anos, é contra. O caso foi revelado ontem pelo jornal "Comércio da Franca".
A prática da eutanásia é proibida no Brasil, desconhecendo-se precedentes jurisprudenciais de autorização para abreviar a vida de um doente incurável sem dor ou sofrimento.
Segundo o jornal referido, o pai já tentou invadir duas vezes o CTI para desligar os aparelhos, mas foi contido por seguranças do hospital. Agora, quer usar como argumento para conseguir a autorização o caso da norte-americana Terri Schiavo, 41, que neste ano teve desligados os aparelhos que a mantinham viva, após batalha judicial entre o marido dela e os pais.
"Ninguém sabe o que passo. É um sofrimento que não tem fim. Sei que a eutanásia é proibida no Brasil, mas vou até o fim porque não agüento ver meu filho sem sorrir, brincar ou caminhar", afirmou o pai, que não visita o filho há três meses, por "não suportar vê-lo naquela situação".
Segundo o advogado Marcos Antônio Diniz, que atuará em nome do pai, o pedido judicial será protocolado nos próximos dias, mas ele se escusa de informar quando e em que vara.