Direito de Família na Mídia
Aumenta o número de casos de recém-nascidos deixados nas ruas
15/04/2011 Fonte: Portal G1O problema é que tem crescido muito o número de crianças simplesmente abandonadas nas ruas. Em São Paulo, um bebê prematuro, que havia acabado de sair do hospital, foi deixado na chuva, de madrugada, pela mãe. A mulher foi presa e na delegacia disse que estava arrependida. Casos semelhantes acontecem por todo o país.
Nesta semana, em Campo Grande, uma mãe entregou em uma delegacia o filho com dois dias de vida. Em Curitiba, uma família encontrou um bebê abandonado ainda com o cordão umbilical. Em São Paulo, o caso se repetiu.
Foi em uma rua escura por onde não passa ninguém, cheia de sombras, de depósitos vazios e de grandes galpões desertos, que o bebê foi abandonado. Além de tudo, aquela foi uma noite de chuva. O bebê passou toda a noite e a madrugada inteira na rua. Só às 7h uma mulher passou no local e escutou os seus chamados.
"Achei que era um gato, aí quando eu vi que era uma criança eu fiquei muito emocionada e comecei a chorar. Eu o coloquei no meu colo e saí andando rápido com ele, porque ele estava muito molhado. O peitinho dele estava ficando muito gelado. Ele estava ficando todo roxo já", lembra a auxiliar de limpeza Maria Lino da Silva.
"Falei para socorrermos ela logo porque estava muito fria, ficando roxinha já. No caminho, ela sentou na viatura, acho que a criança sentiu calor humano, o calor do corpo, se sentiu aconchegada e dormiu. Foi uma coisa que até me comoveu, comoveu o meu parceiro e a Dona Maria", relata o sargento da Polícia Militar, Hélcio Aparecido Villas Boas.
O juiz da Iassin Issa Ahmed, da Vara da Infância e da Juventude, tem se espantado com o aumento do número de casos de crianças abandonadas pela mãe.
"Antes era mais espaçado, agora você registra um por mês. É muito. Não se deve abandonar uma criança à própria sorte. Isso é crime. Mas a entrega é muito bem vista. A entrega é permitida. Deve ser, de alguma maneira, incentivada para aquelas mães que não querem ficar com a criança. Quanto mais cedo para a criança ficar definida a situação dela, melhor. É melhor e estaremos assegurando de forma mais eficaz os direitos consagrados no Estatuto da Criança e do ECA e na Constituição Federal e nas outras leis que o Brasil assinou", explica o juiz da Iassin Issa Ahmed.
Maria Lino da Silva é pernambucana, auxiliar de limpeza, tem 39 anos e uma filha de 2. Ela não imaginava ter um encontro tão importante para a sua vida. Maria sabe da importância do seu gesto e da cena que nunca mais esquecerá. "Não esqueço o olhar dele. Salvei uma vida. Salvei uma vida, então estou contente com isso. Tomara que ele encontre uma pessoa bem boa para cuidar dele. É o que eu desejo", disse.
Em Jaú, no interior de São Paulo, seis crianças, entre 3 e 12 anos, foram abandonadas em uma casa em péssimas condições. A mãe delas, que segundo testemunhas já morava havia dez dias em outro local, disse que deixou as crianças com a filha mais velha, que tem apenas 12 anos. O pai está desaparecido. As crianças foram levadas para abrigos do Conselho Tutelar.
A pena para quem abandona o filho vai de seis meses a três anos de prisão e pode chegar a 12 anos de reclusão se a criança sofrer alguma lesão grave ou morrer. Assista o vídeo