O suporte familiar é o pilar para a sobrevivência do preso dentro e fora da cadeia. A conclusão é da Funap (Fundação de Amparo ao Preso) que, em 2002, coordenou pesquisa no sistema penitenciário do Estado.

Foram entrevistados 1.230 detentos e formados 30 grupos de discussão. Quem tem família, resume o estudo, tem futuro. Quem não tem é, na maioria das vezes, condenado a retornar ao cárcere.

Segundo a Funap, receber freqüentemente a visita de familiares na prisão faz a diferença. Na pesquisa, a fundação classifica como "sem-terra" a parcela de 13% dos entrevistados. Eles valorizam a família, mas possuem vínculos frágeis. Não à toa, a parcela representa o segmento com menor escolaridade. Outros 13% são chamados de "astutos", para os quais a família tem participação no futuro fora da cadeia, o que os leva a crer na recuperação.

O mesmo ocorre com os "adaptados", 33% dos entrevistados. Eles v êem na família a fonte de suas esperanças. São os que menos causam problemas na prisão. Na mesma linha, os "crédulos", 35% dos entrevistados, demonstram desejo de voltar para a família, principal fonte de motivação.

É o segmento que mais acredita na educação como meio para a recuperação. Já os "desconectados" não têm esperança na recuperação e não acreditam no trabalho ou na educação. Representam 6% dos pesquisados. Para eles, a família não faz parte dos planos.

EXPECTATIVA - Os resultados da pesquisa não surpreendem quem convive com o cárcere. A psicóloga Cleonice Joffre afirma que a forma para suportar a pressão é quase sempre a mesma entre os encarcerados. "É o apego à família e à expectativa que essa vai dar a eles quando saírem em liberdade", diz a diretora do Núcleo Interdisciplinar de Reabilitação do Pemano, em Taubaté.