A dona de casa Elaine Almeida Faria Amaral, 87, morou em uma casa com outras seis pessoas - quatro irmãos e os pais - durante a infância e hoje vive sozinha. E assim como aconteceu na casa Elaine, é cada vez menor o número moradores por domicílio no país, segundo dados preliminares do Censo 2010 divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Enquanto a média nacional de pessoas residindo na mesma casa era de 3,79 pessoas em 2000, agora esse número passou a ser de 3,34 por domicílio. Em Minas Gerais, a queda foi ainda maior, passando de 3,76 para 3,27 moradores por casa.

Para a socióloga e pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Mônica Bara, isso ocorre devido a alguns fatores. Um deles é a mudança do papel da mulher na sociedade. "Com a saída da mulher para o mercado de trabalho ter filhos deixa de ser o principal objetivos delas. Além disso, elas têm muito mais chances de controlar a fertilidade", diz.

Elaine, que teve apenas duas filhas porque optou ter uma família menor que a da mãe dela, tem outra justificativa para o fenômeno: "Claro que hoje não podemos ter dez filhos. Como dar conta de pagar escola e arcar com os custos de uma família tão grande?".

Os números divulgados pelo IBGE são apenas uma prévia do Censo, que será finalizado em 31 de outubro. Até agora, 80,22% dos brasileiros foram recenseados. o que representa 154.246.873 brasileiros já recenseados, de uma população estimada em 191.506.729 pessoas.

Outro dado importante trazido pela pesquisa está relacionado ao envelhecimento da população.

O proporção de pessoas com idade entre 0 e 4 anos caiu de 9,64% para 7,17%. Por outro lado, o número de idosos no país está subindo. Com apenas 80,22% do trabalho concluído já foram identificados 17.615 pessoas com mais de 100 anos no país. Segundo o IBGE a tendência é que até o fim da pesquisa, os números superem os de 2000, quando 24 mil centenários foram recenseados pelo IBGE. "Se essa tendência se mantiver, o Brasil, que ainda é um país jovem, vai se transformar em algumas décadas em um país maduro", analisou o presidente do instituto Eduardo Nunes.

Minas Gerais é o terceiro Estado com mais centenários - são 2.102 até agora. Em 2000, o Estado estava na quarta posição, com 2.765.

Para a psicóloga Karen Saviotti da Integrart-Solar Maturidade, esse aumento da expectativa de vida do brasileiro tem ligação direta com o aumento do cuidado com a saúde. "As pessoas agora estão com mais noção do que seria envelhecimento saudável. Elas estão mais preocupadas com a alimentação, com a prática de exercícios físicos e a socialização", afirma. (Com agências)

Dados

Domicílios. A pesquisa mostrou que há mais domicílios no país do que o IBGE estava prevendo. A expectativa era de recensear 58 milhões, mas os números serão maiores.

Fechados. Ter mais casas não significa que o número de pessoas no país seja maior, porque existem muitas moradias vazias. Já foram encontrados mais de 2 milhões de domicílios fechados até agora