Direito de Família na Mídia
Sentença: STJ nega homologação de sentença que previa apenas juízo estrangeiro em caso de litígios
01/10/2007 Fonte: STJA Corte Especial do STJ negou o recurso de um cidadão canadense, contra a decisão do Tribunal que rejeitou pedido de homologação de sentença estrangeira. A homologação foi negada pelo STJ porque previa a renúncia das partes à jurisdição brasileira em caso de ações futuras sobre a guarda dos filhos do casal que se separou.
O processo foi relatado pelo presidente do STJ, ministro Raphael de Barros Monteiro Filho, e a decisão da Corte foi unânime. No recurso, o canadense reiterou seus argumentos favoráveis à homologação da sentença porque seria resultado de acordo firmado entre as partes – ele e a ex-esposa, cidadã brasileira. O acordo, segundo ele, estaria definindo o regime de guarda compartilhada dos filhos do casal e a visitação aos menores. A sentença estrangeira também teria considerado o domicílio dos menores à época, que, como os pais, residem no Canadá. Para o ministro Barros Monteiro, relator do processo, ao contrário do alegado pelo recorrente – no sentido de que a decisão estrangeira sujeita à homologação se refere, basicamente, à cláusula que definiu a guarda compartilhada dos menores –, "o acordo homologado pela Corte Canadense elegeu o Tribunal Superior de Quebec, Comarca Judiciária de Montreal, como foro competente para decidir as questões que, por acaso, surjam a respeito da guarda dos filhos". Segundo o ministro, "a própria sentença faz referência ao ‘Acordo sobre a jurisdição do Tribunal’". Diante disso, para o relator, "a renúncia à jurisdição brasileira para apreciar litígios futuros relativos à guarda mostra-se, portanto, inequívoca; bem como flagrante a ofensa à soberania nacional e à ordem pública".
O voto do relator foi acompanhado por todos os membros da Corte. O presidente do STJ citou trechos da decisão contestada pelo recorrente, com destaque ao parecer do Ministério Público, desfavorável ao pedido de homologação da sentença por entender inadmissível a renúncia à competência da Justiça brasileira. "Como bem ressaltou o representante do Parquet (MP), ‘o caso é de competência concorrente e não absoluta, o que não impede, se for o caso, de a justiça brasileira, se provocada, manifestar-se sobre a questão, principalmente quando envolve menor", salientou o Ministério Público.