Direito de Família na Mídia
Diarista se casa no mesmo dia da filha e defende luta contra a LGBTfobia
17/05/2018 Fonte: A TardeEm meio a tantos casos de violência envolvendo o público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexual, Travestis, Transexuais e Transgêneros), até mesmo dentro do seio familiar, ver a história de uma mãe que, além de aceitar a orientação sexual da única filha, resolveu casar-se no mesmo dia que ela, nos deixa com uma sensação de estar, finalmente, vivendo em um mundo melhor, evoluído e mais respeitoso.
Nesta quinta-feira, 17, data em que se comemora o Dia Internacional Contra a LGBTfobia, é preciso realmente enaltecer atitudes como as da diarista Celidalva Oliveira Lima, 49 anos. No último dia 19 de abril, ela compartilhou com a filha, a doceira Janice Oliveira Ferreira, 27 anos, o sonho e a alegria de poder casar e ser feliz ao lado de quem se ama.
A cerimônia foi celebrada no Cartório do Subdistrito de Valéria, na Estrada da Paciência, em Cajazeira 8. Celidalva selou a união de 16 anos com o servente de serviços gerais Alexsandro dos Santos Lima, 43 anos. Já Janice casou-se com a auxiliar de serviços gerais Angélica Correia Ferreira, 25 anos, após sete anos de namoro.
“Foi muito emocionante, foi bom demais casar no mesmo dia que a minha filha. Até a juíza de paz ficou encantada, disse que nunca tinha visto um casamento como o nosso. Pediu até para tirar foto”, contou a diarista, ao lembrar do dia da celebração.
Assim como a mãe, Janice não escondeu a alegria que teve ao dividir com a mãe uma data tão especial. “Foi lindo e emocionante. Eu e Angélica sempre tivemos o sonho de casar, aí quando mainha disse que ia se casar, decidimos também”, lembrou.
Janice e a esposa planejam aumentar a família já no próximo ano. Eles pretendem engravidar ou adotar uma criança. “A gente sempre sonhou em ter filhos ou adotar um, mas, para registrá-los no nome de duas mães, precisávamos ter uma união estável ou casarmos no civil”, explicou a doceira.
Defesa
“Defendo minha filha com unhas e dentes, já briguei até com meu cunhado por causa dela. Ele perguntou como é que eu aceitava uma filha com outra mulher. Falei que não era problema dele, que o importante era ela ser feliz”, disse Celidalva, que também é mãe de dois rapazes e tem nove netos.
CID
Para Marcelo Cerqueira, presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), hoje representa um marco para o público LGBT, já que, nessa data, no ano de 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) excluiu a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados com a Saúde (CID).
“O dia 17 de maio é de comemoração, sem dúvidas. Foi nessa data que a homossexualidade foi retirada do CID, da categoria como doença”, ressaltou Cerqueira. Em comemoração ao dia, o GGB, em parceria com o Ministério Público (MP/ BA) e a administração da Nova Lapa, adesivará as escadarias do subsolo da estação com as cores do arco-íris nesta quinta de manhã.
Também como parte das comemorações, os governos estaduais e federal assinarão um Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência LGBTfóbica. No próximo mês, no dia 28, o MP, através do Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher e População LGBT (Gedem), realizará, pela primeira vez em Salvador, o Projeto “Sim ao Amor”.
A ação visa celebrar um casamento coletivo LGBT. Quem tiver interesse em participar, deve entregar a documentação até o dia 26 de maio. Mais informações podem ser obtidas pelos números (71) 3321-1949/ 3266-4526. Procurar Silvana Portela.
OMS
Após 42 anos tratando a homossexualidade como transtorno mental, a Organização Mundial de Saúde (OMS), decidiu, em 17 de maio de 1990, retirá-la da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados com a Saúde (CID), no código 302.0.
Desde 1948, a OMS considerava a orientação sexual como doença e usava o termo "homossexualismo" (sufixo ismo é usado para indicar algum tipo de doença, uma patologia). Em 1985, no Brasil, o Conselho Federal de Medicina retirou também o termo da lista de transtornos.