Direito de Família na Mídia
Estados que apoiam homossexuais e transgêneros inovam mais
29/08/2016 Fonte: Revista ÉpocaEm 1974, Bella Abzug, política americana e líder feminista, tentou introduzir a Lei de Igualdade no Congresso dos Estados Unidos, com o intuito de proteger trabalhadores de todas as orientações sexuais quanto a emprego, habitação e acomodações públicas. Com a legislação, ninguém poderia demitir ou mesmo deixar de contratar funcionários sob esse argumento. Essa norma foi repaginada e voltou à discussão em 1994, com o Ato de Não Discriminação no emprego (Enda, na sigla em inglês), mas mesmo depois de 22 tentativas nas últimas décadas, ainda não vingou como lei federal. Apenas 22 estados americanos oferecem essa garantia a gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros. Se opositores à diversidade sexual e de gênero ainda não se convenceram pelo argumento dos direitos humanos, talvez entendam pela ótica do dinheiro: locais mais tolerantes com a diversidade de gênero são mais inovadores – logo, mais ricos.
Huasheng Gao e Wei Zhang, em estudo divulgado na Management Science e repercutido na Harvard Business Review, examinaram dados de milhares de corporações baseadas em patentes de inovação – incluindo quase todas as empresas públicas americanas que criam patentes – de 1976 a 2008, e descobriram que a adoção de medidas contra a discriminação levou a um aumento de 8% no número de patentes inovadoras na comparação com estados que não têm tais políticas. Os resultados começaram cerca de dois anos, na média, depois da implementação de políticas não discriminatórias. Uma variedade de características das empresas, como tamanho, lucro e oportunidades de crescimento, foi levada em conta, junto a características dos estados dessas corporações, como nível de educação.
Um apontamento do estudo é que os profissionais criativos tendem a se mudar de um local sem políticas de igualdade para outro que as tenha. Segundo os estudiosos, pessoas com um comportamento pró-LGBT tendem a ser mais novas, educadas, abertas ao novo e ao risco e com experiências mais diversas – características que se correlacionam com a criatividade. Em contraste, “aqueles que são mais velhos, mais conservadores e exibem uma extrema religiosidade tendem a ser anti-LGBT”. Assim, depois que um estado adota uma política de combate à discriminação, mais indivíduos do primeiro grupo são atraídos para lá.
Para validar a conjectura, eles mapearam o endereço residencial de mais de 600 mil inventores de 1976 a 2008. “Quando um estado adota uma lei não discriminatória, um número maior de inventores se desloca para esse local em até três anos, e um grupo que habitava o estado também se realoca, normalmente para um lugar sem proteção a homossexuais e transgêneros”, afirmam. O grupo que abandona o local tende a ser menos criativo. “Esses resultados sugerem que a promulgação de políticas do tipo desencadeiam um reequilíbrio na força de trabalho”, afirmam. Quando chegam a um estado com leis de igualdade, os funcionários chegam a produzir 30% mais patentes do que os que deixam o lugar.