Direito de Família na Mídia
Ariane é a 1ª transexual formada em psicologia em Salvador
29/08/2016 Fonte: A TardeAriane Senna, 25 anos, superou os obstáculos na vida e colhe os frutos, ainda restritos para muitas do seu grupo. E agora ela, que estudou na Unime Salvador, pode se orgulhar de ser a primeira transexual formada em psicologia em Salvador e a segunda da Bahia. A trajetória para chegar ao título não foi fácil para Ariane, que teve que superar a discriminação e até as dificuldades financeiras para estar na posição de bacharel em psicologia.
O que representa ter nível superior?
Que é possível adentrarmos a esses espaços, mas precisamos ser fortes. Muitas trans e travestis não conseguem apoio para chegar ao fim do curso. Tive minha mãe do meu lado e um companheiro que passou a viver comigo todas as dificuldades.
Antes de chegar à faculdade, você estudou em escola pública. Como foi?
Pensei em desistir por conta da discriminação. Nesse período, fazia programa à noite, voltava para casa para descansar e à tarde ia para a escola. Concluí o ensino médio porque imaginava que a única coisa que poderia me tirar da prostituição era o estudo.
Como era a discriminação?
No primário e no ginásio, apanhava dos colegas sem entender o porquê. Lembro de uma vez que cheguei em casa com o rosto roxo e minha mãe foi em busca do agressor. O caso foi registrado na Delegacia para o Adolescente Infrator em Brotas, mas não deu em nada.
E na faculdade?
Percebia que chocava muito. Além de piadinhas e risadas, pessoas tentavam me mostrar que eu estava errada ou fazer com que me arrependesse. A minha única reação era respirar fundo e seguir em frente. Sabia que era única ali e que as pessoas não saiam lidar com o diferente.
A quem atribui esta conquista?
É uma conquista das travestis e transexuais baianas. Significa que, apesar de todos os obstáculos que passei e que ainda irei passar por escolher esse caminho estreito para as pessoas trans, a gente vence no fim.
O que precisa ser feito para a efeitiva inclusão?
Educação, trabalho e renda. Não adianta lutarmos apenas pelos direitos dentro das faculdades, se nem passam pela alfabetização. É necessário construirmos escolas que debatam gênero e sexualidade, uma escola inclusiva. A escola deveria ser um lugar acolhedor.