Cerca de 100 pais, responsáveis, professores e equipe técnica da Escola Municipal Profa. Alana de Sousa Barbosa, no bairro Sideral, participaram da 17ª edição do projeto Minha Escola, Meu Refúgio, nesta sexta-feira, 20, da Vara de Crimes contra Crianças e Adolescente. Informações e orientações foram repassadas como forma de prevenção de crimes contra crianças e adolescentes.

Apenas um em cada dez casos de crimes contra crianças e adolescentes - incluindo violência sexual - é relatado pela vítima, e somente 10% desse quantitativo chegam ao Poder Judiciário. Esses números foram alguns dos dados apresentados pelas técnicas das Vara, a psicóloga Mayra Lopes e a assistente social Verônica Marques. A equipe esclareceu pais e professores sobre a rede de proteção disponível para denúncias sobre crianças vítimas de violência e alertou para sinais que podem indicar que um jovem foi vítima de algum tipo de abuso.

Os sintomas mais frequentes apresentados por crianças e jovens vítimas de agressão são irritabilidade, insônia, falta de apetite, baixo rendimento escolar, ideação suicida, rebeldia, oscilação de humor, enurese e encoprese (descontrole das funções fisiológicas), entre outros, todos extremamente nocivos e prejudiciais ao bom e sadio desenvolvimento da criança e do adolescente.

Sempre atenta ao filho de 6 anos, a dona de casa Genira dos Santos, de 41 anos, contou que monitora as brincadeiras do menino fora de casa e evita deixa-lo na casa de outros parentes. “A maioria dos casos começa em casa e precisamos ficar alertas. Quando ele vai brincar na rua, eu fico acompanhando. Não deixo eles na casa de vizinhos. Achei muito importante a palestra, principalmente para os pais que não têm conhecimento”, afirmou Genira.

A também dona de casa Bruna Andrade, de 24 anos, disse que observa a filha de 6 anos constantemente. A conversa com a menina é uma das estratégias da mãe para saber como foi o seu dia. “Precisamos ficar atentes a qualquer mudança de comportamento. É importante sempre ficarmos de olho, até quando ela fica mais quietinha. O que foi passado na palestra é fundamental”, disse Bruna.

Com 505 alunos regulamente matriculados da educação infantil ao 1º ano do ensino fundamental, a escola municipal atende estudante na faixa etária de 4 a 6 anos nos turnos matutino e vespertino. Coordenadora pedagógica da unidade, professora Oneide Pojo disse que o projeto auxilia pais, responsáveis e professores na identificação de casos de violência contra crianças e adolescente. “É uma situação delicada que requer um atendimento diferenciado. Instrumentalizar pais e professores com elementos que possam auxiliar na prevenção e no combate são fundamentais. Os pais foram bastante receptivos com a iniciativa”, observou a professora.

O projeto Minha Escola, Meu Refúgio já percorreu 17 escolas. Atualmente, cerca de três mil processos tramitam na Vara de Crimes contra Crianças e Adolescentes. A metade dessas ações é relacionada à violência sexual. Dados do projeto e da Organização Mundial de Saúde apontam que 87% dos abusos sexuais contra crianças são praticados por membros familiares e uma em cada seis crianças sofre abuso.