IBDFAM na Mídia
Prêmio Donna: responsável por cunhar o termo “homoafetividade”, a advogada Maria Berenice Dias celebra as vitórias em prol de minorias
04/04/2016 Fonte: Revista DonnaCerta vez, a então desembargadora Maria Berenice Dias adentrou o tribunal com uma echarpe colorida para fora da toga. Foi repreendida pelo presidente: os colegas reclamavam que ela estava descaracterizando o traje.
– Eu respondi: “Não, a toga não é mais a mesma desde que uma mulher entrou dentro dela”.
Pode-se dizer que a sociedade brasileira também não é mais a mesma desde que a magistrada de 68 anos se tornou a primeira juíza na história do Rio Grande do Sul, em 1973, a contragosto de uma comissão que fazia o possível para impedir mulheres de sequer efetuarem a inscrição no concurso. Chegar lá foi só o início de uma trajetória que desafiou incansavelmente o machismo e a discriminação, tendo Berenice como uma juíza sensível à realidade das minorias, sem medo de cara feia e dada a pioneirismos.
Em 1996, meia década após ser promovida a juíza do Tribunal de Alçada, tornou-se a primeira mulher desembargadora no Tribunal de Justiça do RS. Quatro anos mais tarde, lançou o primeiro livro sobre Direito Homoafetivo, pouco antes de o tribunal que ela integrava fazer um reconhecimento – então inédito no país – de união estável entre dois homens. Em 2011, como advogada do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFam), sustentou a constitucionalidade das uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo diante de um Supremo Tribunal Federal que acabou reconhecendo as uniões e dando um dos passos mais significativos para casais homoafetivos, estendendo a eles o status de família.