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Dica IBDFAM: Vencedor do Oscar, CODA: No Ritmo do Coração é um convite a sair da zona de conforto
Única capaz de ouvir em uma família de pessoas com deficiência auditiva, a jovem Ruby (Emilia Jones) deve decidir entre a carreira de cantora, seguindo seu amor pela música, ou confiar em sua família para ser sua conexão com o mundo exterior. Com elenco inclusivo, CODA: No Ritmo do Coração foi o grande vencedor do Oscar 2022, levando três estatuetas, incluindo a de melhor filme.
Para a advogada Cláudia Grabois, presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM, o filme é sobre sair da zona de conforto, com uma abordagem universal. “Mostra principalmente a construção do afeto, e como os vínculos podem ser ressignificados, como os afetos se transformam sem a necessidade de perdas afetivas.”
A história de Ruby, que persiste em seu desejo de pertencer a uma sociedade maior do que a família e sociedade em que ela cresceu, é também sobre entender que os filhos crescem, tem sonhos e vida própria. “É sobre maternidade e paternidade, é sobre famílias”, acrescenta a advogada.
“CODA nos faz ver, de modo universal, como pode ser difícil para muitos pais e mães a aceitação do desmame, estimular os filhos para que escolham os próprios caminhos e sejam o que querem ser, mostra o medo de pais e mães de “perder” os filhos para o mundo e mostra que é possível e necessário trabalhar para construir o respeito em família e ver os filhos como indivíduos em formação e desenvolvimento, como pessoas inteiras e únicas, entendimento esse que os vínculos afetivos possibilitam, a importância dos vínculos e aprofundamento do afeto e respeito é escancaradas em CODA; o amor é transformador.”
Eleito o melhor filme do ano na cerimônia realizada no último domingo (28), CODA: No Ritmo do Coração venceu ainda o prêmio de melhor roteiro adaptado, entregue a Siân Heder, que também dirigiu o longa. Troy Kotsur, que interpreta o patriarca, foi eleito o melhor ator coadjuvante e se tornou o primeiro deficiente auditivo a ser indicado e a ganhar um Oscar de atuação.
“A forma que internalizamos as artes faz parte da pessoa que nos tornamos”
A literatura, a música, o cinema e as artes plásticas fazem parte da educação informal, e quando apresentadas com narrativas íntegras podem se somar à educação formal, segundo Claudia Grabois. “Histórias de nações podem ser contadas através da evolução das artes em geral, da cultura, que é também educação.”
“De fato, as músicas que ouvimos nos levam a algum lugar, os livros que lemos nos fazem viajar, e isso acaba por integrar a nossa formação. A forma que internalizamos as artes faz parte da pessoa que nos tornamos. Se nos emocionamos ao apreciar um quadro, uma obra de arte, e nos transportamos para outro lugar, não voltaremos para onde estávamos da mesma forma, pois algo nos transformou durante a viagem.”
Para a advogada, CODA: No Ritmo do Coração não é um filme sobre pessoas com deficiência. “É sobre a vida, sobre os nossos aprendizados, nossas construções, nossas ressignificações, sobre nossos medos e vulnerabilidades, nossas reflexões e coragem, e, principalmente, CODA é sobre afeto, sobre construções afetivas, sobre amor universal.”
De acordo com a especialista, é relevante perceber o chamado indireto para a acessibilidade nas artes e na literatura, para que as pessoas com deficiência possam ter acesso e façam as suas próprias leituras. “Na minha, simplificando, foi difícil para uma mãe sinalizada e sem implante coclear ver a filha tomar um rumo para ela inesperado, a dimensão do inesperado, mensurar.”
“A filha, por sua vez, tem sonhos e quer realizá-los, quer conquista-lós, ela não quer magoar os pais, ela quer ser compreendida, aceita e estimulada; a mãe, ao final, compreende, aceita e se orgulha do crescimento e força da filha, fato é que tudo também é novo para a mãe e para o pai, de formas distintas, inclusive.”
Para Claudia Grabois, o longa-metragem “é sobre relações familiares, um filme atemporal e com desenho universal, uma narrativa que possibilita contar outras inúmeras histórias”.
CODA: NO RITMO DO CORAÇÃO
Drama / Musical. Direção: Sian Heder. Com Emilia Jones, Troy Kotsur, Marlee Matlin e Eugenio Derbez. Disponível no Amazon Prime Video.
Atendimento à imprensa: ascom@ibdfam.org.br