Notícias
Bolsonaro veta proposta que proíbe despejos na pandemia
O Projeto de Lei 827/2020, que proíbe o despejo ou a desocupação de imóveis até o fim de 2021, foi vetado integralmente pelo presidente Jair Bolsonaro. O veto foi publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira (5), mas ainda será analisado por deputados e senadores.
O texto, de autoria dos deputados André Janones (Avante-MG), Natália Bonavides (PT-RN) e Professora Rosa Neide (PT-MT), pretendia suspender as desocupações determinadas pela Justiça até 31 de dezembro deste ano. A proposta havia sido aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.
Conforme o projeto relatado pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), no caso de ocupações, a regra valeria para aquelas ocorridas antes de 31 de março de 2021 e não alcançaria as ações de desocupação já concluídas na data da publicação da futura lei. Imóveis rurais haviam ficado de fora da proposta.
O projeto também dispensava o pagamento de multa para interrupção do aluguel e permitia mudanças contratuais por meio de correspondências eletrônicas ou aplicativos de mensagens. Para Bolsonaro, o PL contraria o interesse público, e a validade da medida até o fim da pandemia “daria um salvo conduto para os ocupantes irregulares de imóveis públicos, os quais frequentemente agem em caráter de má-fé”.
Segundo o presidente, a proibição poderia consolidar ocupações existentes e causar danos patrimoniais como engorda de praias, construções de muros-contenção, edificações, calçadões ou espigões em áreas de bens de uso comum do povo ou ainda danos ambientais graves.
“Além disso, a proposição está em descompasso com o direito fundamental à propriedade, tendo em vista que ao propor a suspensão do cumprimento de medidas judiciais, extrajudiciais ou administrativas nas relações locatícias, conduziria a ‘quebras de contrato’ promovidas pelo Estado, de modo que aumentaria o risco da atividade imobiliária, com a consequente possibilidade de aumento dos preços dos aluguéis, além de poder potencializar a inadimplência do setor”, afirmou no texto do veto.
A presidência ainda pontuou que a proposta possibilitaria melhorias para o problema dos posseiros, mas agravaria a situação dos proprietários e dos locadores. “A paralisação de qualquer atividade judicial, extrajudicial ou administrativa tendente a devolver a posse do proprietário que sofreu esbulho ou a garantir o pagamento de aluguel impactaria diretamente na regularização desses imóveis e na renda dessas famílias de modo que geraria um ciclo vicioso, pois mais famílias ficariam sem fonte de renda e necessitariam ocupar terras ou atrasar pagamentos de aluguéis.”
Leia mias: Famílias correm risco de perder moradia em meio à crise econômica causada pela pandemia
Atendimento à imprensa: ascom@ibdfam.org.br