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Famílias negras são protagonistas do novo episódio do podcast Direito de Família e Arte
A Consciência Negra, celebrada na última sexta-feira, 20 de novembro, é tema do episódio de novembro do podcast Direito de Família e Arte, iniciativa da Comissão de mesmo nome do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM. O convidado deste mês é o advogado, professor e radialista Leonardo Alessandro Lima Mendes, que comanda o episódio Um Abraço, Negro. Ouça no Spotify.
O objetivo do novo episódio é suscitar reflexão sobre aspectos inerentes a relações familiares sob uma perspectiva de um integrante de uma família negra. Para isso, a arte é usada como aliada, a exemplo da canção A Mão da Limpeza, de Gilberto Gil, que versa: “O branco inventou que o negro/ quando não suja na entrada/ vai sujar na saída/ imagina só/ que mentira danada/ Na verdade a mão escrava/ passava a vida limpando o que o branco sujava/ imagina só/ o que o branco sujava/ imagina só/ Êta branco sujão”.
“Pensei na difícil missão que é mostrar às nossas crianças realidades nem sempre bonitas ou inspiradoras, a exemplo da face nada luminosa da violência racista, flagrante ou dissimulada. A abordagem desse assunto por uma família negra é cada vez mais premente, sobretudo porque a multiplicidade de veículos de comunicação não lhe permite deixar esse assunto debaixo do tapete para um posterior e imaginado momento melhor e oportuno”, avalia Leonardo.
Extrema violência
Em sua exposição no podcast, o advogado não perde de vista a extrema violência a que as pessoas pretas estão expostas. Ele lembra do assasinato de George Floyd, por policiais brancos nos EUA, e das agressões verbais sofridas por um motoboy no Brasil, episódio que dominou as atenções nas redes sociais neste ano.
“Outro ponto que fortalece a cultura racista são os discursos que pretendem rotular como vitimista todo e qualquer conteúdo de denúncia que surja dos corpos que sabem o dissabor do racismo. Palpites bestiais como ‘deixe de mimimi’’ ou ainda ‘isso só foi uma brincadeira’ rememoram o desejo da Casa Grande de calar os as bocas pretas”, critica Leonardo.
Nesta discussão, ele lembra de outra expressão artística presente na nossa música, uma composição de Chico César: “Respeitem meus cabelos, brancos/ Chegou a hora de falar/ Vamos ser francos/ Pois quando um preto fala/ O branco cala ou deixa a sala/ Com veludo nos tamancos”.
“Chico César assim nos convida a reafirmar que é absolutamente anacrônico e inconcebível alimentarmos algumas fantasias tropicais como ‘no Brasil, não existe preconceito racial, e sim social’. Por essa lógica, jogadores de futebol bem sucedidos não seriam xingados de ‘macaco’, nem teriam de ver bananas sendo jogadas em campo para eles”, defende Leonardo.
Palco necessário
Para o advogado, novembro é um palco necessário para que pensemos nessas questões, sobretudo por uma ótica e por uma ética familiares. “Os tentáculos racistas espraiam-se pelas entranhas das estruturas sociais, envolvendo o aparelho psicológico dos membros das famílias, notadamente as afrodescendentes, reivindicando delas, por consequência, uma reanálise de como devem se portar no mundo e, de forma específica, na terra que se diz abençoada por Deus e bonita por natureza.”
O podcast Direito de Família e Arte é uma iniciativa da comissão de mesmo nome, presidida pela advogada Fernanda Leão Barretto. Com periodicidade mensal, o programa tem como objetivo democratizar o entendimento do Direito de Família por meio da conexão dos temas jurídicos com as mais variadas manifestações artísticas. Ouça o novo episódio no Spotify.
Atendimento à imprensa: ascom@ibdfam.org.br