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Jovem cria projeto visando adoção tardia de crianças em Porto Alegre
Com um projeto intitulado “Missão Diversão”, Marcella Cesa Bertoluci, de apenas 18 anos, reuniu diversas crianças e adolescentes que vivem em abrigos de Porto Alegre-RS e adultos interessados em adotar. A iniciativa busca impulsionar a adoção tardia de jovens que estão à espera de um novo lar na capital gaúcha.
Com supervisão de técnicos e magistrados do 2º Juizado da Infância e da Juventude, a reunião aconteceu no Colégio Farroupilha, local onde a jovem estudou, e contou com a participação de 30 crianças órfãs e 24 adultos que já cumpriram requisitos legais e estão aptos a concretizarem a adoção. No encontro, foram registradas duas manifestações de interesse de adoção.
De acordo com Marcella, o 'Missão Diversão” surgiu em 2016, quando uma empresa foi até o colégio e convidou os alunos a participarem de um evento de criação de projetos sociais de uma maneira disruptiva e inovadora. Assim, nasceu a ideia de trabalhar com a adoção tardia, quando ela percebeu que crianças dos abrigos tinham pouca visibilidade e compartilhavam as mesmas dores que casais habilitados para a adoção: não ter uma família.
“Desde então, venho me inteirando cada vez mais no assunto, o que alimentou em mim uma paixão pela causa. Hoje posso dizer que esse projeto faz parte do propósito da minha vida”, diz.
Para Marcella, o projeto tem o intuito de conectar as crianças órfãs de idade mais avançada com adultos pretendentes à adoção. A ideia é sensibilizar os casais habilitados levando-os a enxergar a adoção de uma maneira diferente, fazendo com que eles considerem a adoção tardia.
“Além disso, proporcionar um dia diferenciado tanto para as crianças quanto para os casais, de forma a saírem de suas rotinas e aproveitarem uma tarde descontraída. Em resumo, o projeto funciona a partir de um evento lúdico nas dependências do Colégio Farroupilha para realizar essa aproximação”, destaca.
Cursando atualmente administração com ênfase em gestão para inovação e liderança, Marcella diz ter planos para dar continuidade ao projeto, revelando o sonho de levar a ideia para todo o País.
“Estou formada há dois anos e em nenhum momento passou pela minha cabeça abrir mão dessa causa. Pretendo expandir o projeto para o Brasil afora e dedicar 100% do meu tempo para ele no futuro. Sempre acreditei que quanto mais alto sonhamos, maior o resultado e o alcance das nossas ações”, afirma.
Ação deve servir como exemplo
Para Silvana do Monte Moreira, presidente da Comissão Nacional de Adoção do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), projetos como esse são muito significativos para a sociedade e jovens que procuram novos lares. Colocar crianças e adolescentes aptos à adoção em contato com pessoas habilitadas é de grande importância, pois implica no olho no olho, na visualização da criança e do adolescente reais.
“Penso que o amor surge do olhar, o ‘nunca te vi, sempre te amei’ é lindo como título de filme, mas não é factível. Muito mais fácil se apaixonar por João, 9 anos, pardo, animadíssimo, que adora dançar passinho, com grandes olhos castanhos, franzino, com certa dificuldade na escola, acolhido há 18 meses, do que por J., 9 anos, pardo, saudável”, afirma.
Além disso, a advogada destaca que a adoção tem que ir à escola, seja ela pública ou privada. Segundo ela, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) deveria ser conhecido por todos os adolescentes e crianças, pois são eles os sujeitos da lei.
“A adoção já saiu do armário e deve escancarar as portas envolvendo toda a sociedade. Esse é um projeto que pode ser encampado pelo IBDFAM dentro do escopo do ‘Crianças Invisíveis’, trazer a adoção para a escola, inserir o ECA como matéria obrigatória para o curso de direito, dentre outros. E, mais que isso, todos as instituições de acolhimento devem ter suas portas ordenadamente abertas pelas respectivas varas da infância” finaliza.
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