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“Somos uma família de alma”
Cristiane de Souza Pinto, 39 anos, vive na cidade do Rio de Janeiro com o marido, Eduardo Bezerra, 51. Ela é administradora municipal aposentada, e ele atua com supervisão e coordenação de equipes para empresas em que presta serviço. O casal adotou Aline de Souza Pinto Bezerra, 20 anos, e contam sua história com muito orgulho.
“Somos uma família de alma”, é assim que Cristiane define o amor que sentem um pelo outro. Ela sempre sonhou em ser mãe, mas devido sua carreira e vida muito corrida foi adiando o plano. “Além disso, descobri que sou trombofílica, e que teria de tomar injeções anticoagulantes para ter uma gestação tranquila”, lembra.
Ela e o companheiro sempre tiveram muito jeito com adolescentes, pois também atuam como catequistas dessa faixa etária e nunca os viram como um “problema”. “Amamos estar e conversar com eles, nos divertimos muito”, contam. Mas, apesar da vida agitada, o casal mantinha o desejo de ter filhos juntos, tendo em vista que Eduardo Bezerra já tinha dois filhos adultos do primeiro casamento.
A administradora e o supervisor não sabiam como era o processo de adoção e foram protelando o sonho. Quando a madrinha de Cristiane realizou a adoção de uma menina de três anos, os dois tiveram o incentivo que faltava. “Ela adotou a mais nova de um grupo de quatro irmãs que estavam em risco social. Ficamos sabendo que a mais velha já era adolescente e ninguém queria adotá-la”, explica.
Nesta época, a jovem vivia com o pai biológico e havia sido abandonada pela mãe. Além disso, sofria com maus tratos e o desprezo do restante da família. “Toda vez que ouvia falar da Aline, eu ficava com o coração inquieto e desejava conhecê-la, mas isso era praticamente impossível, já que nem o Conselho Tutelar os localizava”, afirma Cristiane.
Até que, em 2009, durante o aniversário da menina adotada por sua madrinha, Cristiane se encontrou com a adolescente, na época com 12 anos, que havia sido levada pelo pai junto com as demais irmãs. As duas conversaram muito durante os preparativos e puderam se conhecer melhor.
“Ao fim da festa, ela me disse que gostaria de ficar comigo. Tomei um susto. Liguei para o Eduardo e perguntei se ela poderia ir para nossa casa passar o domingo e ele me deu total liberdade para decidir”, conta a mãe. O pai biológico não se contrapôs. Inicialmente, a ideia era que Aline fosse visitá-la por dois dias, mas acabou ficando permanentemente.
No quarto dia, Cristiane procurou a Defensoria Pública, mas não recebeu boas notícias. “Me disseram que poderiam recolher a menina para algum abrigo”. Deste modo, o casal procurou ajuda especializada. “Foi uma fase difícil, pois mesmo a família biológica não querendo a guarda e ela passando por maus tratos, a Justiça entendia que Aline deveria ir para um abrigo e, em seguida, ser reintegrada ao pai”, diz a administradora.
O casal firmou um contrato de união estável em cartório e levantou os documentos necessários para entrar com o pedido de guarda provisória para posterior adoção. “Após cinco anos de luta, com ela já quase completando a maioridade, conseguimos a adoção definitiva. Nosso sistema é falho e trata as famílias adotivas como temporárias, na tentativa equivocada de que a criança ou o adolescente volte para a biológica", afirmam os pais. Aline foi adotada pouco antes de completar 18 anos.
Atualmente, eles vivem felizes depois de tanta luta para concretizar a adoção. Aline faz estágio e estuda pedagogia. Ela também quer cursar psicologia e seguir carreira pública. “Faríamos tudo de novo por ela, independentemente das lutas que enfrentamos e das lágrimas que derramamos”, completa a mãe.
Aline e os pais, Cristiane e Eduardo
Foto: Divulgação
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