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“Segredos de Justiça”: série desmistifica imagem de juízes no Brasil
Sob uma perspectiva mais pessoal, estreou no último domingo (4) a segunda temporada da série “Segredos de Justiça”, quadro do Fantástico, da Rede Globo. Os episódios, baseados em histórias do livro “A vida não é justa”, da juíza Andréa Pachá, diretora nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), trazem como novidade em relação à primeira temporada um toque mais pessoal da vida da magistrada, além da busca por histórias mais densas. De acordo com Andréa, os episódios poderão ajudar o público a mergulhar no ambiente dos tribunais das famílias, esclarecendo pontos ainda pouco explorados.
“A série e a personagem são de ficção, e, portanto, fruto da criação dos roteiristas extremamente competentes, Thiago Dottori e Teo Popovic. Penso que a criação de um universo familiar e pessoal possa ajudar ainda mais a desmistificar a imagem que, culturalmente, temos de juízes como seres inacessíveis, intangíveis e autoritários. A juíza da série tem um ex-marido, um casal de filhos adolescentes e, portanto, é permeável a todos os problemas que envolvem relações afetivas e familiares”, comenta.
Para a segunda temporada, Andréa Pachá foi convidada pelo diretor Pedro Peregrino, o coordenador do projeto, Raphael Dragaud, além da atriz Glória Pires, que a interpreta, para que pudesse orientar sobre como é o cotidiano em uma sala de audiências e no fórum. Antes de exercer a profissão de juíza, ela havia trabalhado como roteirista e produtora de teatro, o que lhe aproximou da dramaturgia. “Nesse sentido, me senti muito confortável para acompanhar todas as gravações feitas na sala de audiências. Aproveitei um período de férias para participar das leituras, discutir com os atores e com a equipe técnica, para que o resultado fosse bem realista. Não participei da escolha das histórias, nem das adaptações. É um exercício instigante de desapego: ver um texto seu ganhar forma sob diversos e múltiplos olhares”, conta.
As histórias escolhidas para essa temporada são focadas nos motivos que levam casais aos divórcios e rupturas (violência, ciúme, tédio), sentimentos que dizem respeito a quase todos os seres humanos que têm o privilégio de viver as relações amorosas. O episódio de estreia mostrou a história de Ana (Nívea Maria) e Adolfo Pimenta (Osmar Prado). Após 42 anos de casados e 50 de convivência, eles acabam frente a frente com a juíza depois que o marido descobre que a esposa mantinha um perfil virtual na internet, o “Safadinha 22”.
“Creio que o público se identifica com os conflitos, porque são banais, cotidianos. Dizem respeito à nossa precariedade e às nossas dores invisíveis, sem glamour. A transcendência que mora no nosso cotidiano é sempre impactante”, explica Andréa Pachá. Segundo a Globo, em cada um dos cinco episódios da série, atores convidados vão construir o enredo. Além de Nívea Maria e Osmar Prado, haverá participações de Malu Mader, Dira Paes, Bianca Bin, Cássio Gabus Mendes, Fabíula Nascimento, Bruno Garcia, Bianca Byington, Marcos Veras e Alejandro Claveaux. A família da juíza é formada pelos atores Marco Ricca, Arianne Botelho e André Lamoglia.
Ao longo da primeira temporada, que foi ao ar em outubro do ano passado, o público acompanhou diferentes histórias de famílias brasileiras, com depoimentos ao final de cada episódio. “Eu adorei. Tanto como autora, quanto como juíza e espectadora. Acho que o projeto conseguiu traduzir, em uma linguagem acessível e realista, os conflitos que vivenciamos nas varas de Família, sem binarismo, sem julgamentos morais”, afirma Andréa Pachá.
Como integrante do IBDFAM, a juíza vê com com muita esperança o crescimento no interesse das transformações das famílias e na pluralidade dos direitos. “A ficção é um canal potente para a transformação do mundo e, pela arte, muitas vezes, conseguimos desobstruir vias de preconceito e caminhar para o respeito e para as múltiplas formas de amar e se relacionar”, complementa.
Em tempo - Andréa Pachá, titular da 4ª Vara de Órfãos e Sucessões do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), recebeu, na noite da última segunda-feira (5), a Medalha de Mérito Pedro Ernesto, maior comenda concedida pela Câmara de Vereadores do Rio. A condecoração homenageou o trabalho feito pela juíza ao longo de sua carreira, incluindo o livro, “A vida não é justa”, que inspirou a série de TV.
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