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Série mostra a rotina de uma vara de família
A série Segredos de Justiça será exibida a partir do próximo domingo, dia 9, durante o programa Fantástico, da TV Globo. Baseada na obra A vida não é justa, de autoria da juíza Andréa Pachá, vice-presidente da Comissão de Magistrados de Família do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), a atração, com cinco episódios, será protagonizada pela atriz Glória Pires.
Em entrevista ao Boletim do IBDFAM, Glória Pires, que vai interpretar a juíza Andréa Pachá, disse: “Acredito que por ser uma dramaturgia muito educativa, muitas pessoas poderão se beneficiar dos episódios. Eles mostram pessoas comuns, em contexto real, embora as histórias não sejam reais. Temos visto tantas coisas descabidas, papéis tão invertidos… acho que ajudará muita gente”.
Em sua opinião, o bom-senso é necessário para diminuir os conflitos familiares. “Também senso de responsabilidade e de humanidade”, garantiu. Para ela, a arte pode contribuir para a vida das famílias brasileiras. “Acredito que ninguém age mal por querer, mas, na maioria das vezes, por ignorância, falta de discernimento ou vaidade pessoal. Um programa como esse pode esclarecer pequenas questões, fazendo grande diferença na vida de quem assiste”, afirmou.
Ao site do Fantástico, Glória Pires elogiou a juíza Andréa Pachá. “É uma pessoa incrível, muito humana. Não estamos habituados com isso. Normalmente, tanto na medicina quanto na área legal, os profissionais que deveriam ajudar a população se colocam muito distante de seus problemas. A Andréa é o oposto disso. Usa todo o seu conhecimento para se colocar ao lado de quem precisa, à disposição para ajudar àquela pessoa”, afirma. Segundo a juíza, Glória foi ao Fórum ver de perto como funciona e, nas cenas, conseguiu mostrar a realidade do que acontece no cotidiano de uma vara de família.
Para Andréa Pachá, é uma oportunidade de multiplicar a densa, dolorosa e surpreendente experiência que viveu assistindo aos conflitos amorosos e familiares, com olhares que, certamente, compreenderão melhor o funcionamento da Justiça, mas, especialmente, suas limitações diante do fim do amor. Magistrada há 22 anos, 15 dos quais titular de uma Vara de Família, a juíza garante que não houve um único dia em que voltasse do trabalho, sem um desejo forte de transformar em literatura as histórias reais que assistia.
Segundo ela, histórias todas muito parecidas, sob a perspectiva objetiva, mas muitíssimo diferentes, sob a ótica das individualidades. "A experiência dos amores e desamores, do ódio, do ressentimento, dos arrependimentos, da traição são, de alguma forma, parte da vida de todos nós em algum momento. No entanto, cada qual vivencia essa montanha russa de um lugar distinto. Perceber essa multiplicidade do que somos, me levou ao desejo de transformar em ficção aqueles conflitos", afirma.
Andréa Pachá comenta que a sociedade é dinâmica e as transformações sociais têm ocorrido na intimidade das famílias e chegado às ruas: socioafetividade, casamentos homoafetivos, famílias paralelas, multiparentalidade são apenas alguns dos temas que emergiram nos últimos anos. A TV brasileira é um fenômeno de comunicação, com capacidade de falar com milhões, em todos os rincões do país. Nesse sentido, dar visibilidade aos conflitos familiares, além de uma função cultural, adquire, também, uma função pedagógica: para que a sociedade reflita, a partir da ficção, para as transformações permanentes que a vida nos traz", garante.
Para a magistrada, o Direito das Famílias tem evoluído de uma forma impressionante e poucos direitos sofreram e sofrem tantas transformações quanto os que envolvem relações familiares. Mas ela vê uma longa estrada pela frente e acredita que nunca chegaremos a um direito pronto e acabado. “Lidar com as transformações permanentes exige de nós uma enorme capacidade de adaptação e reflexão. Para que possamos continuar caminhando e acolhendo os muitos direitos que a vida tem plantado pela estrada, é fundamental que estudemos diariamente, observemos os seres humanos com generosidade e não fechemos as portas do olhar para a vida em permanente transformação. Se por um lado, as mudanças são grandes, por outro, as resistências se organizam. Lidar com as marchas e contramarchas, escolhendo a melhor hora de atuar legislativamente ou de fortalecer as decisões garantidoras dos direitos é também um desafio", avalia.
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