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"A Busca" aborda relações de família e o exercício da parentalidade
O ponto de partida do drama “A Busca” é o repentino desaparecimento do adolescente Pedro (Brás Moreau Antunes), no fim de semana em que completaria 15 anos de idade. O filme mostra as complexas relações de uma família e a trajetória de um homem que, ao partir em busca do filho, sofre profundas transformações.
No longa o ator Wagner Moura interpetra Théo, um médico meio severo, meio transtornado, filho de um pai ausente, que reproduz a própria relação paternal conturbada com Pedro. Os constantes desentendimentos entre o casal Théo e Branca (Mariana Lima) afetam o filho adolescente Pedro. O desespero por encontrar o filho acaba reaproximando o casal
Em busca do filho pelas estradas do país, Theo reflete sobre a própria vida e acaba reencontrando seu pai (Lima Duarte), com quem não fala há anos.
“Eu me interesso muito por histórias de pais e filhos e, quando li o roteiro desse filme, fiquei comovidíssimo. É um tipo de história que não vejo muito sendo feita no Brasil: ao mesmo tempo um filme de estrada, um thriller psicológico e também um filme intimista, sobre uma relação de família”, descreve Wagner Moura na entrevista abaixo, confira:
O que o motivou a aceitar o convite para o filme?
O roteiro. O Claudio Torres (diretor) me falou do Luciano, recebi o roteiro e fiquei comovidíssimo quando li. Eu me interesso muito por histórias de pais e filhos. Não por acaso eu gosto de ter filho, tenho três (risos). E perdi meu pai este ano, ele já estava doente na época em que o roteiro chegou. Então, o filme me comoveu muito. Além disso, tecnicamente, é um roteiro muito bem escrito. Também é um tipo de história que não vejo muito sendo feita no Brasil. Tenho tido muito interesse de participar de iniciativas diferentes no cinema brasileiro. É um filme que escapa um pouco do que se costuma fazer. É um filme de estrada, mas ao mesmo tempo é um thriller psicológico, também um filme intimista, uma relação de família. Achei que era interessante em vários aspectos. Mas especialmente me comoveu a história, a relação do Theo com o filho, Pedro.
O fato de ser pai influencia na sua visão sobre o personagem?
Influencia muito. Eu me lembro de quando eu fiz o filme O Caminho das Nuvens, tinha uns 27 anos e fazia um personagem com cinco filhos. Eu não tinha filhos ainda e gosto muito do jeito que eu fiz aquele personagem, mas se fosse fazê-lo de novo hoje, certamente faria de outra forma. Porque você não passa pela paternidade incólume. As coisas te comovem muito depois que você tem filho. Tudo muda. É lugar comum falar isso, mas é verdade. A perspectiva de ter um filho desaparecido, para quem é pai, é completamente diferente. Por mais que um sujeito que não seja pai se comova com aquilo, pensar que seu próprio filho pode sumir é desesperador. E também a gente entende melhor a relação com o filho. Educar uma criança é uma aventura extraordinária: você erra, acerta, enfim, a forma de se relacionar com aquele ser humano que é uma pessoinha diferente dos outros. A história do Theo e do Pedro me comoveu. A falta de comunicação entre eles, o fato de haver uma barreira entre eles de tal maneira que não havia comunicação possível. Não era falta de amor, não era falta de nada: havia uma barreira entre eles.
A relação do Theo com o filho reflete a relação dele com o próprio pai, não é?
A relação que você tem com seus filhos, inevitavelmente, passa pela relação que você teve com seus pais. Mesmo que seja para negar o que foi ruim, ou afirmar o que foi bom. Freud não estava aí de bobeira.
‘A Busca’ é uma coprodução da Globo Filmes e tem direção de Luciano Moura.
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