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Primeira bebê do sul do país a nascer com a genética de dois pais completa um ano no Dia Internacional contra a LGBTfobia
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A bebê Antonella Bitencourt completa seu primeiro ano de vida na data em que se celebra o Dia Internacional de Combate à LGBTfobia (17 de maio). A filha dos gaúchos Mikael Bitencourt, 36, e Jarbas Bitencourt, 49, moradores do Rio Grande do Sul, é considerada a primeira criança da região Sul a nascer com a carga genética de dois pais.
O nascimento foi resultado de uma rede de afeto. Após uma tentativa frustrada de adoção, o casal realizou o sonho da paternidade por meio da fertilização in vitro – FIV, contando com a doação de óvulos da irmã de Mikael e a gestação em útero de substituição – a chamada barriga solidária – proporcionada por Jéssica Konig, amiga e comadre dos dois.
Em entrevista ao IBDFAM, o casal conta que todo o trajeto até o nascimento da filha foi movido por amor, desde a decisão da cunhada de doar os óvulos até o gesto altruísta da amiga, que se voluntariou para gerar a criança.
Foto: @historiasdonascer
"A Antonella carrega o DNA das duas famílias. O óvulo da irmã do Mikael e meu espermatozoide resultaram na formação do embrião, então ela é geneticamente filha dos dois pais", explica Jarbas.
A história, amplamente divulgada nas redes sociais, sensibilizou milhares de pessoas e a conta do casal no Instagram, @2paisdaantonella, atualmente soma mais de 135 mil seguidores.
Reconhecimento
Jarbas relembra os desafios enfrentados ao longo do processo. Além dos custos financeiros e da necessidade de aprovação do Conselho Regional de Medicina, por não haver grau de parentesco entre os pais e a gestante, também lidaram com o preconceito nas redes sociais.
Na certidão de nascimento de Antonella, constam apenas os nomes dos dois pais, sem menção a uma mãe – conforme já autorizado pelo ordenamento jurídico brasileiro, que reconhece a multiparentalidade e a diversidade de arranjos familiares.
O registro foi feito no cartório de Imbé com acolhimento, respeito e sensibilidade por parte da tabeliã responsável, o que também representou um respiro diante de tantos obstáculos sociais enfrentados.
Para os pais, a data de nascimento de Antonella é mais do que coincidência: simboliza a luta por igualdade e a possibilidade real de construção de famílias homoafetivas com amor, respeito e respaldo legal.
“Ela nasceu no Dia Internacional contra a LGBTfobia. Poderia ter nascido em qualquer dia de maio, mas foi justo neste. Para o resto da vida, ela vai ser um símbolo da luta contra a LGBTfobia no mundo”, finaliza Mikael Bittencourt.
Na página do Instagram @2paisdaantonella, o casal compartilha momentos do cotidiano em família, além de reflexões sobre parentalidade, diversidade e os desafios e conquistas da jornada de criar uma filha em um lar formado por dois pais.
Por Débora Anunciação
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