Notícias
Dia da Mulher: protagonistas femininas lideram produções indicadas ao Oscar 2024
“Pobres Criaturas” (2023), “Anatomia de uma Queda” (2023), “Segredos de um Escândalo” (2023), “Nyad” (2023), “A Cor Púrpura” (2023), “Barbie” (2023)… O que todos esses filmes têm em comum? Além de colecionar indicações ao Oscar 2024, as tramas giram em torno ou dão destaque a protagonistas mulheres, com narrativas próprias, potentes e caras ao universo feminino. Um cenário distante daquele no qual as personagens femininas nos filmes eram sempre coadjuvantes, reduzidas a servir ao enredo masculino.
Enquanto em “Pobres Criaturas” a protagonista descobre sua autonomia em uma jornada de autodescoberta da própria potência feminina; “Barbie” desafia estereótipos e padrões sexistas; “Nyad” discute o envelhecimento feminino, e “Anatomia de uma Queda” propõe um olhar sensível e humanista sobre angústias muitas vezes protagonizadas por mulheres no seio familiar.
Vice-presidente da Comissão de Direito e Arte do IBDFAM, a advogada Luciana Brasileiro acredita que o destaque dado às protagonistas é reflexo de um movimento que se agigantou na indústria do cinema, de conscientização sobre assédio e disparidade salarial neste ambiente. “E também da necessidade de se debater temas sensíveis ligados ao feminismo, que têm sido cada vez mais discutidos mundialmente.”
“A arte é um espelho da vida, muitas vezes nos move, muitas vezes é movida por nós. O protagonismo feminino tem sido cada vez mais refletido, e vê-lo nas telas é uma esperança de que impulsione o tema cada vez mais na vida real”, avalia.
Para a especialista, o movimento reflete o incômodo cada vez maior com a sociedade machista e voltada para um ambiente de poder masculino e embranquecido. “Ter o protagonismo feminino nas telas, em filmes como “Barbie”, por exemplo, que causou tantas experiências divergentes, parece-me a necessidade de uma reflexão sobre como a cultura moldou a mulher para estar sempre na coadjuvância.”
“Não foi diferente nas artes. Há incontáveis situações que envolvem mulheres lançando luz sobre homens que ganharam a fama. Para além disso, as denúncias de assédio, que parecem finalmente ter sido compreendidas como necessárias”, pondera.
Urgência
Luciana Brasileiro reconhece a importância de colocar a mulher no centro da narrativa, bem como o impacto da arte neste sentido. “A arte nos impacta de diversas formas. É moldada para incomodar, no sentido lato.”
Leia mais: “Pobres Criaturas”: jornada surreal provoca reflexões sobre o Direito das Famílias
“A arte nos leva a refletir. A gente sai de uma sala de cinema e, muitas vezes, continua reverberando o filme por muito tempo. Ter a mulher no centro da narrativa é impulsionar a sociedade a compreender que precisamos falar, urgentemente, sobre as opressões femininas, sobre o empoderamento feminino, sobre as violências a que a mulher está exposta, e sobre o machismo nosso de cada dia”, explica.
Luciana Brasileiro percebe um padrão entre os enredos exibidos nas telonas neste ano: o de escancarar o quanto uma mulher pode ser socialmente subestimada e o quanto as violências impingidas às mulheres são sonegadas. “Muito embora os filmes tenham padrões e gêneros muito diversos, o tema central gira em torno de violências.”
Ela acredita que a representação mais forte das protagonistas femininas pode fomentar o debate sobre igualdade de gênero e empoderamento feminino. “Dar visibilidade ao que a mulher faz pela nossa existência. Sobretudo, falar sobre as violências diárias, de todos os gêneros, que a mulher sofre”, conclui.
Por Débora Anunciação
Atendimento à imprensa: ascom@ibdfam.org.br