A família, a escola, o amor, o luto e a amizade são temas-chave para acompanhar o complexo desenvolvimento do drama japonês "Monster", em cartaz nos cinemas e já disponível digitalmente. Destaque do Festival de Cannes de 2023, o filme, dirigido por Hirokazu Kore-eda – conhecido por "Assunto de Família" (2018) e “Pais e filhos” (2013) –, ficou de fora do Oscar 2024, mas é um dos mais surpreendentes da temporada por abordar, com delicadeza, assuntos complexos.

A trama, à primeira vista, é simples. Conta a história de uma mãe viúva que percebe algo errado quando o filho começa a se comportar de maneira estranha em casa. Ao descobrir que um professor é o responsável pela mudança, ela vai até a escola e exige saber o que aconteceu.

Ao longo das mais de duas horas de filme, a história se distancia do que a sinopse dá a entender. O roteiro de Yuji Sakamoto, vencedor da Palma de Ouro de Melhor Roteiro em Cannes, faz com que o banal se torne surpreendente ao mostrar diferentes visões sobre uma mesma situação.

O choque cultural é imediato. No início do filme, por exemplo, a mãe chega na escola do filho e encontra a diretora esfregando o chão. A mulher, mais velha, ouve atenta à queixa da mãe de que o filho teve uma mudança de comportamento, mas parece lidar com denúncia com frieza ao somente pedir que o suposto culpado peça desculpas.

Além da superfície da história, estão reflexões importantes sobre a sociedade contemporânea. Uma delas é a maneira como as pessoas propagam informações falsas pela internet e a medida que isso pode distorcer a realidade e prejudicar a reputação de alguém.

“Monster” também retrata os reflexos do bullying e como a sociedade está despreparada para lidar com os conflitos entre as crianças no ambiente escolar.

Ao mesmo tempo, o filme chama a atenção para a importância da amizade e da imaginação para enfrentar momentos difíceis. Por meio disso, os personagens se libertam e encontram a felicidade e a calmaria após a tempestade.