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Mês da Primeira Infância: a importância dos primeiros anos de vida no desenvolvimento dos indivíduos

Este ano, agosto se tornou o Mês da Primeira Infância, período instituído pela Lei 14.617/2023. A nova norma, que já está em vigor, visa destacar a importância dos primeiros anos de vida na formação do indivíduo e promover a conscientização sobre a necessidade de cuidados e estímulos adequados nesta crucial fase do desenvolvimento infantil.
Segundo a psicóloga Letícia Costa, membro da Comissão de Infância e Juventude do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM, a primeira infância, que vai desde a concepção do bebê até os três anos de idade da criança, é um período muito importante para o desenvolvimento mental, emocional e social dos indivíduos.
“Com três anos de idade, a criança já tem a capacidade de desenvolver habilidades cognitivas e emocionais, resultando no surgimento da autoconsciência, da personalidade, da confiança em relação a si mesmo e ao meio, entre outras habilidades cognitivas e emocionais. Assim, pode-se compreender que é pelo desenvolvimento dessas noções básicas que a criança irá construir a base para o desenvolvimento futuro, garantindo o bem-estar e a sua troca social com seus pares ao longo da vida”, afirma.
Desenvolvimento saudável
Os principais fatores que influenciam o desenvolvimento saudável durante esse período, segundo Letícia, envolvem o ambiente, a hereditariedade e a maturação. Ela ressalta a importância do ambiente estimulante e interações afetuosas para garantir um desenvolvimento cognitivo, psicológico e emocional adequado.
“Podemos compreender isso através do conceito de Período Sensível, que se dá quando a criança é particularmente responsiva a certas experiências que vão influenciar no aprendizado de determinadas habilidades. Contudo, a criança só irá adquirir esse talento se ela for constantemente influenciada por seu ambiente porque a continuidade do estímulo é fundamental para a aquisição e manutenção das habilidades”, explica.
A exemplo disso ela cita a linguagem verbal, cujo aprendizado não ocorre de forma normal sem a interação verbal e os estímulos constantes dos cuidadores em face das crianças.
“Estudos já demonstraram que a habilidade adquirida na primeira infância não é só uma questão genética, mas também é proveniente dos estímulos do ambiente, especialmente do familiar. Se a fala não é estimulada, e até desencorajada de alguma forma, o comportamento pode começar a ser reduzido”, afirma.
Considerando que os ambientes que a criança frequenta durante a primeira infância têm uma forte influência em seu desenvolvimento cognitivo, psicológico e emocional, a psicóloga recomenda que os responsáveis busquem criar um ambiente rico em estímulos e interajam com a criança de forma amorosa e com interesse genuíno.
“Segundo a doutrina especializada no tema, as interações sociais com os pais são fundamentais no aprendizado de habilidades, conhecimentos e valores importantes na cultura. Inclusive, o conceito de Participação Guiada, criado por Vygotsky, ilustra como o desenvolvimento é um processo colaborativo entre os adultos e a criança. Desta forma, é fundamental que os adultos compreendam a importância da sua postura colaborativa no processo”, explica.
Impacto no cérebro
Letícia Costa explica que o neurodesenvolvimento na primeira infância é fundamental para um desenvolvimento saudável. “O cérebro se desenvolve de baixo para cima, com conexões e habilidades neurais mais simples, formando-se nos primeiros anos. Isso proporciona a base para o desenvolvimento de funções e circuitos cerebrais mais complexos”, afirma.
Ela também ressalta que as experiências sensoriais na primeira infância têm impacto direto no desenvolvimento do cérebro e na capacidade de aprendizado.
“Crianças que têm oportunidades para assimilar e interpretar informações sensoriais tendem a apresentar maior pontuação em testes de inteligência posteriormente”, diz.
A psicóloga ressalta a importância das políticas públicas e programas de intervenção direcionados à primeira infância.
“Garantir e assegurar às crianças nesta fase da vida as condições mínimas para um desenvolvimento salutar, onde elas possam se sentir seguras e estimuladas, irá proporcionar a base segura e facilitadora para todas as habilidades mais complexas que irão ser desenvolvidas mais adiante”, afirma.
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