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Companheiros de Nova Vida: A Integração de Animais de Estimação e Refugiados no Brasil
Patricia Gorisch[1]
Paula Carpes Victório[2]
Em um mundo cada vez mais fragmentado por conflitos e desastres naturais, a figura do refugiado tornou-se uma constante nas manchetes e nos discursos humanitários internacionais. Menos discutido, mas igualmente importante, é o papel que os animais de estimação desempenham na vida dessas pessoas que foram forçadas a deixar tudo para trás. No Brasil, um país conhecido por sua calorosa hospitalidade, uma série de iniciativas vem iluminando a fusão de dois universos: o dos refugiados que buscam um novo começo e o dos animais de estimação em busca de um lar.
Em diversas culturas, os animais de estimação são considerados membros da família. Eles oferecem companhia, amor incondicional e suporte emocional, atuando como verdadeiros âncoras de estabilidade em tempos turbulentos. Para os refugiados, que frequentemente enfrentam o trauma da perda e o estresse do deslocamento, a presença de um animal de estimação pode significar um suporte vital para sua saúde mental e emocional.
O acolhimento de animais de estimação por refugiados no Brasil é uma realidade que vem crescendo. Organizações não governamentais e grupos de apoio têm observado os benefícios mútuos dessa relação. Os refugiados, ao assumirem a responsabilidade de cuidar de um animal, reencontram um propósito e uma rotina, elementos essenciais para a reconstrução de suas vidas. Para os animais, principalmente aqueles resgatados das ruas ou de situações de abandono, a adoção representa uma segunda chance.
Essa integração tem sido possível graças a uma série de programas que facilitam a adoção de animais por refugiados. Estes programas não apenas consideram a importância do vínculo emocional que se forma entre humanos e animais, mas também proporcionam o apoio necessário para que essa relação seja saudável e duradoura. Isso inclui assistência veterinária, apoio na adaptação dos animais ao novo lar e acompanhamento para assegurar o bem-estar de ambas as partes.
Ademais, a presença de animais em lares de refugiados tem demonstrado ser uma ferramenta de integração social, facilitando interações com a comunidade local e criando pontes entre diferentes culturas. Histórias de brasileiros que abriram suas portas e seus corações para ajudar refugiados a cuidar de seus animais são exemplos tocantes de solidariedade e compaixão.
No entanto, os desafios persistem. A barreira da língua, questões legais relacionadas à imigração e dificuldades financeiras são obstáculos reais que os refugiados enfrentam e que também afetam a manutenção de seus animais de estimação. Por isso, é fundamental que o apoio venha em múltiplas frentes, incluindo a sensibilização da sociedade para as necessidades específicas dessas famílias expandidas.
A reunião familiar entre animais de estimação e refugiados no Brasil é um testemunho da capacidade de resiliência e do desejo de recomeço. Ela reflete não apenas a bondade inerente aos seres humanos em sua relação com os animais, mas também destaca o espírito de acolhimento e humanidade que permeia a sociedade brasileira. Enquanto o país continua a enfrentar seus próprios desafios econômicos e sociais, essas histórias de amizade e cuidado mútuo servem como lembretes valiosos da força encontrada na comunhão e no apoio compartilhado.
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Referências:
GORISCH, P. RAMMÊ, R. ¿Los animales pueden ser refugiados? Una perspectiva animalista del derecho internacional de los refugiados. Disponível em:https://aldiaargentina.microjuris.com/2023/10/24/revista-tematica-de-derecho-animal/
[1] Fundadora da @sociedadedeadvogadas. Doutora e Mestre em Direito Internacional. Pós Doutora em Direitos Humanos pela Universidad de Salamanca, Espanha. Pós Doutora em Direito da Saúde pela Università Degli Studi di Messina, Itália. Coordenadora do Observatório dos Direitos do Refugiados da Unisanta. Presidente da Comissão Nacional de Dir. Refugiados do IBDFAM. Jusanimalista.
[2] Sócia da @sociedadedeadvogadas. Advogada e Mestre em Toxicologia pela USP. Pesquisadora do Observatório dos Direitos do Migrante da Unisanta. Membro do IBDFAM - Comissão Nacional de Dir. dos Refugiados
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