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Produtividade na advocacia familiarista
Luisa Comar Riva
Advogada, mediadora e mentora de advogadas
A revolução tecnológica, especialmente a internet, transformou a forma como os advogados encaram o trabalho e a vida pessoal, impactando também sua relação com os clientes. Observamos esse cenário em relógios que não apenas mostram as horas, mas também monitoram a forma como utilizamos nosso tempo. Aplicativos computacionais calculam o tempo efetivamente trabalhado em frente às telas, constantemente nos lembrando que poderíamos estar fazendo mais. A pressão por produtividade tornou-se um imperativo tanto para o sucesso na advocacia quanto para uma vida feliz.
No entanto, ao adotarmos esse paradigma falho, não surpreende que o que a maioria dos colegas advogados saiba sobre produtividade seja um castelo de cartas prestes a desmoronar. A noção equivocada de que trabalhar mais horas é sinônimo de melhores resultados persiste, mesmo que isso nem sempre se traduza em ganhos reais.
Mas, afinal, o que é produtividade?
Para abordar esse tema de maneira inovadora, é crucial compreender que produtividade está relacionada à otimização do recurso mais valioso: o tempo. Trata-se de avaliar como podemos produzir mais em menos tempo. Medir a produtividade de alguém envolve analisar como essa pessoa utiliza esse recurso precioso e identificar oportunidades de aprimoramento. Nessa perspectiva, ser produtivo não significa necessariamente trabalhar mais horas, mas sim trabalhar de forma mais eficiente durante as horas dedicadas ao trabalho e, em última instância, alcançar uma maior produção em menos tempo.
Por exemplo, se um colega advogado precisa acordar mais cedo para cumprir sua agenda diária, não podemos considerar essa pessoa produtiva, mesmo que todos os compromissos tenham sido atendidos naquele dia. Ser mais produtivo teria sido traçar uma estratégia para cumprir os compromissos dentro do tempo previsto anteriormente.
Além disso, é essencial reconhecer que todos temos nossos limites e ritmos de trabalho. Embora possamos treiná-los e aprimorá-los, entender e aceitar nossas particularidades nos ajuda a alcançar o máximo de produtividade sem comprometer nossa saúde. Ser um advogado produtivo não deve significar sacrificar-se a qualquer custo, mas sim cumprir o que precisa ser feito da melhor maneira possível.
Ao adotarmos essa nova abordagem em relação à produtividade, podemos romper com os velhos paradigmas e alcançar resultados mais sólidos e satisfatórios tanto na advocacia quanto em nossa vida pessoal.
Com o intuito de guiar o advogado familiarista em direção à maior produtividade, é essencial seguir três passos fundamentais, cada um deles com foco em aspectos distintos, mas complementares, da sua atuação profissional e vida pessoal.
1. Autoconhecimento: Entendendo seus objetivos pessoais e profissionais.
O primeiro passo para aprimorar a produtividade é o autoconhecimento. O advogado familiarista deve dedicar tempo para refletir sobre seus objetivos tanto no âmbito pessoal quanto no profissional. Isso permitirá alinhar suas metas e direcionar suas atividades diárias de forma mais eficiente. Ao compreender suas prioridades, ele pode evitar distrações e concentrar-se nas tarefas que realmente importam.
Exemplo prático: Imagine um advogado familiarista que deseja equilibrar sua vida pessoal com o trabalho e, ao mesmo tempo, obter destaque na sua área de atuação. Ele deve definir seus valores e metas, como passar mais tempo com a família, dedicar-se ao aprimoramento constante no campo jurídico e aumentar sua carteira de clientes. Com esses objetivos em mente, ele pode tomar decisões mais conscientes ao selecionar os casos que aceita e ao estabelecer limites para suas horas de trabalho.
2. Agenda como ferramenta para gerenciar o tempo.
Uma agenda bem estruturada é uma das chaves para a produtividade do advogado familiarista. Organizar o dia, semana e mês de forma estratégica permitirá que ele otimize o uso do seu tempo e evite sobrecargas ou procrastinação. Ao definir horários específicos para cada atividade, ele pode alocar períodos para trabalhar em processos, realizar reuniões com clientes, estudar novas legislações, bem como reservar momentos para descanso e lazer.
Exemplo prático: O advogado familiarista pode dividir sua semana de trabalho em blocos de tempo dedicados a diferentes tarefas. Ele pode reservar as manhãs para o estudo aprofundado de casos e o atendimento a clientes, enquanto as tardes são destinadas à preparação de documentos e prazos processuais. Além disso, ele pode estabelecer uma pausa para o almoço e intervalos regulares para descanso, o que ajudará a manter o foco e o bem-estar durante a jornada de trabalho.
3. Disciplina para alcançar o sucesso.
Por fim, a disciplina é um dos pilares essenciais para a produtividade do advogado familiarista. Isso implica em manter-se firme na execução dos planos traçados, mesmo quando surgirem desafios ou contratempos. A disciplina é o que permite manter o equilíbrio entre o cumprimento das tarefas profissionais e a dedicação à vida pessoal, evitando o esgotamento e garantindo uma carreira duradoura e bem-sucedida.
Exemplo prático: O advogado familiarista deve estabelecer metas diárias e semanais e comprometer-se a cumpri-las. Isso pode incluir a conclusão de um determinado número de processos, o agendamento de momentos de lazer com a família ou a participação em eventos de atualização jurídica. A disciplina será fundamental para que ele se mantenha focado em seus objetivos e não se deixe levar por distrações ou procrastinação.
Ao seguir esses três passos – autoconhecimento, agenda bem estruturada e disciplina – o advogado que atua na área do direito das famílias estará no caminho certo para alcançar maior produtividade em sua atuação profissional, ao mesmo tempo que cuida de sua saúde e bem-estar pessoal. Essas práticas o ajudarão a construir uma carreira sólida e gratificante, ampliando suas oportunidades de sucesso na área das famílias.
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