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Vida longa ao SUS
Maria Luiza Póvoa Cruz
Nós, brasileiros, temos inúmeros motivos para nos preocupar com a situação atual do país, seja ela de ordem sanitária, política ou econômica. Nunca nossas feridas estiveram tão expostas. Mas também temos inúmeros motivos para agradecer. Nosso povo é alegre, caloroso e trabalhador, nossa natureza e riquezas naturais são incomparáveis e nós temos um Sistema Único de Saúde. Um sistema criado pela Constituição Federal de 88, que abrange todo o território nacional e que, desde setembro de 1990, garante que todos os brasileiros tenham acesso à saúde de forma integral, gratuita e universal.
Sem dúvida, o SUS é uma das maiores conquistas sociais do último século, assim reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo a única solução para 7 em cada 10 brasileiros que precisam de serviços em saúde, desde a atenção primária, com acompanhamento de pacientes com disfunção de pressão arterial, até transplantes complexos. Merece destaque, aqui, a contribuição ímpar do médico Hésio de Albuquerque Cordeiro, que nos deixou ano passado, reconhecido como o homem que lançou as bases do SUS, tendo, portanto, lugar cativo na história da saúde coletiva brasileira.
O Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, no qual 96% dos procedimentos são realizados pelo Sistema. O SUS é essencial na produção e distribuição de medicamentos para cerca de 900 mil brasileiros portadores de HIV e tem o maior programa de imunização do planeta, com cerca de 300 milhões de doses incluídas no Calendário Nacional de Vacinação, protegendo brasileiros de mais de 20 doenças. Se ainda não estamos todos vacinados contra a Covid-19, estejam certos, não é responsabilidade do SUS.
No contexto da pandemia da Covid-19, um desafio complexo e com dimensões planetárias, a relevância do SUS, no Brasil, torna-se ainda mais evidente, e mesmo com todos os problemas e dificuldades de toda ordem, sem o SUS, milhões não teriam tido a menor chance.
Além da continental estrutura física, o SUS conta com uma admirável, tocante e grandiosa força de trabalho. São cerca de 4 milhões de trabalhadores da saúde, entre enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos, odontólogos, técnicos e auxiliares, maqueiros, motoristas de ambulância, trabalhadores dos serviços de limpeza, de alimentação e manutenção de equipamentos, e os prestadores de serviços de sepultamento e cremação. Esse exército da paz tem desempenhado papel fundamental no enfrentamento à Covid-19, sem trégua, mesmo diante da sobrecarga de trabalho, do alto risco de contágio, do medo, da saudade, da dor e da pressão.
A eles, a minha homenagem!
A eles, a minha gratidão!
A eles, o meu desejo de que isso tudo passe e que voltem às suas famílias!
A eles, o meu mais profundo respeito e admiração!
Vida longa a todos!
Vida longa ao SUS!
Maria Luiza Póvoa Cruz é advogada e juíza aposentada, presidente da Comissão Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa do Ibdfam
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