Artigos
Não vai ter golpe: o que aprendi com Fátima e Bonner
Considerando o avanço das comunicações e, talvez, a mudança das opções editoriais, percebi, ao longo do tempo, uma perda de interesse crescente em publicações estilo tabloide que estampam na capa a foto de uma personalidade e, para atingir uma boa venda, uma manchete bombástica sobre sua vida pessoal.
Todavia, um fenômeno capaz de acabar com a dualidade Dilma-Temer ocupa o espaço das redes sociais, nas rodas de conversa, nas esquinas e elevadores: o final do relacionamento de Fátima Bernardes e William Bonner.
Não é do interesse de ninguém saber os motivos que levaram ao fim. Uns dirão que foi em razão de o casal deixar de trabalhar juntos, outros vão dizer que foi em razão da famosa dança de Fátima com a cantora Anitta. Todas as teorias conspiratórias que, em breve, vão apresentar as possíveis causas são de utilidade zero para os estranhos à relação. O fato é que a repercussão dessa notícia indica a necessidade de reavaliarmos o modo de ver os relacionamentos contemporâneos.
Já perdi a conta das vezes em que já escutei que “agora, perdemos a esperança no amor” ou “se não deu certo com eles, não dará certo para mais ninguém”. Todavia, não consigo deixar de analisar tal discurso como a ainda presente idealização de relacionamentos nos moldes dos quais os contos de fadas puderam nos introjetar.
Os relacionamentos não são perfeitos e, de uma vez por todas, precisamos atentar para a realidade existente – fora da ficção – para além do “e viveram felizes para sempre”.
Os finais de relacionamento servem, também, para o encontro de uma felicidade que ambos (ou às vezes, no início, apenas um) passam a buscar fora daquilo que foi projetado inicialmente. Destaca-se, antes de mais nada, que não se está aqui argumentando a defesa da descartabilidade imediata a qualquer dificuldade no relacionamento, mas sim, perceber a ruptura como oportunidade de mudanças positivas na vida de ambos.
No momento em que modificarmos a ótica do “tantos anos de dedicação... para não dar certo” pela postura de que, certamente, foi um relacionamento que deu certo por tantos anos, talvez poderemos ajudar essas pessoas a uma saída do relacionamento de forma mais acolhedora para proteger, principalmente, os filhos que surgiram dessa relação.
Depois de meses de discussão da existência ou não de um golpe, fica a reflexão para que não façamos o impeachment das nossas esperanças no amor, mas sim, possamos vivenciá-lo sob a ótima preconizada por Vinicius de Moraes: “que seja eterno enquanto dure”.
Conrado Paulino da Rosa[1]
[1] Advogado especializado em família e sucessões. Mediador de conflitos. Presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM / Seção RS. Doutorando em Serviço Social – PUCRS. Mestre em Direito pela UNISC, com a defesa realizada perante a Università Degli Studi di Napoli Federico II, na Itália. Professor do Curso de Direito da FMP – Fundação Escola Superior do Ministério Público, em Porto Alegre. Autor de obras sobre direito de família e mediação de conflitos.
www.conradopaulinoadv.com.br / contato@conradopaulinoadv.com.br
Os artigos assinados aqui publicados são inteiramente de responsabilidade de seus autores e não expressam posicionamento institucional do IBDFAM