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A familia está viva! Uma abordagem psicanalítica
Zilda Machado[1]
RESUMO:
Neste trabalho, tomando como referência o que diz Lacan em seu texto “Televisão”, tentarei elaborar o que é a família para a psicanálise. Se na contemporaneidade temos visto as profundas transformações pelas quais a família está passando, a partir de que coordenadas podemos dizer que o estrutural – aquilo que a especifica como “humana” - se mantém? Tentarei demonstrar que o pai é uma função e que a mãe é aquela que responde com seu desejo. A partir daí, caberá ao sujeito encontrar seus próprios recursos para realizar seu destino como ser falante.
Família – Inconsciente – família contemporânea - desfiliar-se
Abstract
In this essay, referencing Lacan in his essay entitled "Television", I will try to elaborate on what is the family in psychoanalysis. If in present time we have been seeing the transformations that the family structure is going through, from what coordinates can we say that the structural - what specifies it as "human" - is maintained? I will try to demonstrate that the father is a function and the mother is the one that responds with her wish. From there, the subject must find its own resources to realiza its destiny as a talking being.
Family - Subconscious - Contemporary family - “desfiliar-se”
Embora alguns vaticinem o fim da família, não é bem isso o que se observa socialmente, e não é isso o que a clinica psicanalítica nos demonstra. Já estamos longe das severas críticas dos séculos XIX e XX dirigidas à família, a quem eram atribuídas as mazelas do mundo. Muito se criticou aí esta estrutura quando tudo recaía como culpa da família, tida como a responsável pelo mal estar dos sujeitos. Também as experiências das “utopias comunitárias” - quando se supôs que poder-se-ia prescindir da família em função da criação coletiva das crianças - mostraram-se fracassadas, como nos aponta Lacan (1969/2003, p.369) em seu artigo Nota sobre a Criança. Ao contrário, na contemporaneidade a família vem ganhando cada vez mais importância, embora se apresente em múltiplas conformações, para além do modelo tradicional: famílias homoafetivas, monoparentais, e mesmo multiparentais, a partir de filhos de várias uniões anteriores, sem falar daquelas formadas através dos novos métodos da reprodução assistida, dispensando o método tradicional de concepção.
Sob o ponto de vista da psicanálise, o que se pode dizer, a partir da escuta dos analisantes, é que a família está viva e operante naquilo que, segundo Lacan (Ibid,p.369) é sua função na evolução das sociedades: a irredutibilidade de uma transmissão garantidora da constituição subjetiva por implicar "a relação com um desejo que não seja anônimo". A partir daí ela é inventada, como sempre o foi, por cada sujeito que consegue constituir sua filiação ao simbólico, a despeito do tipo de família que ele possa ter. Na atualidade estamos assistindo é a uma mudança no seio da família, o que demonstra inclusive seu caráter dinâmico, por sofrer influências das modificações socioculturais e econômicas das relações humanas ao longo do tempo, como bem o demonstra o verbete família no dicionário Houaiss (2001).
Ou seja, mesmo a família tradicional não foi sempre a que conhecemos hoje. Ela é fruto de um longo percurso histórico. Inicialmente a palavra “família” designava tudo o que habitava o mesmo terreno: o patriarca e tudo que a ele pertencia: a esposa e mãe, os filhos, os escravos e até mesmo os animais pertencentes a esse único senhor. Essa organização, a partir de um Pater familias, sustentou a família por séculos. O pai era o senhor das propriedades, dos bens e das leis que regulavam as relações familiares. Mas a função que exercia nessa estrutura o mantinha a uma distância tal que a "figura do pai" permanecia intocável e inatingível, o que justamente garantia a ele o lugar de autoridade, transformando-o em dono incontestável de um saber que ordenava e garantia as normas culturais e sociais.
Lacan (1938/2003,p.29), no texto Os complexos familiares na formação do indivíduo, aponta que as mudanças sociais introduzidas pelo casamento e a aliança do casal acarretaram uma “contração da instituição familiar”. É por isso que ele adota o termo de Durkheim: “família conjugal”. A partir dessa profunda transformação ocorrida no seio da instituição familiar com o advento da aliança que estreitou os laços entre o casal, o pai passou a estar muito próximo, já não era só uma voz de autoridade que ecoava em sua ausência, ocupado que estava com os afazeres que o distanciavam dos membros da família. Na família conjugal o pai passa a estar, como pessoa, a uma distância tal que sua autoridade pôde ser questionada e mesmo suplantada pelo filho. Agora podia-se discernir a diferença que há entre a pessoa do pai e a função do pai. Foi no bojo dessa transformação que surgiu a psicanálise, nos aponta Lacan (Ibid, p.67), quando em Viena, naquele momento histórico e sociocultural, “um filho do patriarcado judaico imaginou o complexo de Édipo”.
Portanto, aquilo que Lacan (Ibid,p.66-67) chama de “o declínio social da imago paterna”, abre o campo da psicanálise, ou seja, abre para a complexidade da dimensão edípica no campo do inconsciente. Convém ressaltarmos aqui que Lacan fala é de um “declínio social” da função do pai e não propriamente de declínio dessa função, pois esse só se verifica no particular de cada caso, na escolha da posição subjetiva, independente do formato social da família e independente da configuração pela qual se apresentará para o sujeito a função paterna.
Assim, a família, objeto de estudo da psicanálise, não é propriamente a instituição social, o fenômeno histórico e cultural desse agrupamento humano. A família que interessa à psicanálise é o palco onde o drama edípico se realiza, onde o sujeito se constitui e onde estão presentes, não propriamente o pai, a mãe e o filho, mas o sujeito, o grande Outro, o objeto a e o operador fálico que movimenta a estrutura. Ou, então, a função da mãe, a função do pai e o sujeito que nessa cena constitui-se com o sintoma que revela a transmissão inconsciente: a verdade de gozo do par parental, bem como, em alguns casos, também a captura do sujeito na fantasia da mãe.
Se estamos então em uma nova época – com configurações familiares de todos os matizes - a psicanálise é convocada a discutir aquilo que é de sua pertinência e demonstrar a transmissão inconsciente que se dá no seio da família e a especifica como humana. Qual é a variável imprescindível para que um agrupamento humano seja chamado família? Poderia a psicanálise nos levar a perceber o que é a "boa família"? Respondendo de maneira rápida, poderíamos dizer que sim, existe a "boa família" e esta nada tem a ver com a sua configuração. A boa família é aquela no seio da qual o sujeito se constitui, consegue se contar em uma linhagem, e da qual ele poderá construir a necessária separação que o leve a alcançar aquilo que é, inclusive, um preceito bíblico: “abandonarás teu pai e tua mãe" para tomar sua vida nas próprias mãos. Ou seja, poderíamos então nos perguntar: como e por que, apesar de tantas transformações, ainda podemos dizer que o que é da estrutura se mantém nos diversos estilos de família que temos visto? O que é o “irredutível de uma transmissão” a que Lacan (1969/2003) se refere no texto Nota sobre a criança e que ele assegura ser a função primordial da família? Partindo do romance familiar, dos mitos e ficções forjados pela neurose, o real da estrutura é o que tentaremos cernir nesse trabalho, tomando como referência esse comentário de Lacan (1974/2003, p.531) em Televisão:
Mesmo que as lembranças da repressão familiar não fossem verdadeiras, seria preciso inventá-las, e não se deixa de fazê-lo. O mito é isso, a tentativa de dar forma épica ao que se opera pela estrutura. O impasse sexual secreta as ficções que racionalizam a impossibilidade da qual provém. Não as digo imaginadas, mas leio aí, como Freud, um convite ao real que responde por isso. A ordem familiar só faz traduzir que o Pai não é o genitor e que a Mãe permanece contaminando a mulher para o filhote do homem; o resto é consequência.
A descoberta de Freud de que sua teoria da sedução continha um ponto de equívoco e que as lembranças de suas analisantes não diziam respeito a um acontecimento factual, trouxe à tona a família para a psicanálise com sua carga de amor, desejo e gozo que se desenrola em uma outra cena, o inconsciente. Portanto, a família que interessa à psicanálise é a que constitui a realidade psíquica do sujeito, a família formada por laços inconscientes que compõem as fantasias e as ficções provenientes da estrutura que se convencionou chamar “complexo de Édipo”. No texto Romances familiares (1909[1908]), Freud desvelou essa estrutura a partir do relato de pacientes que punham a descoberto a família inventada pelo sujeito. Constituída pela ficção que enlaça os elementos que a compõem, a família criada pelo sujeito articula uma versão edípica do par parental e é condição para que ele possa se constituir e posteriormente construir a necessária separação de sua família de origem. Separar é “se parir” nos lembra Lacan (1964) no Seminário Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Separar dos pais é condição de autonomia, de “auto-nomear-se”. É uma conquista do sujeito em uma resposta inventada por ele a partir do impossível descrito como “não há relação sexual”. Não há casal algum que se constitua em uma unidade perfeita, o que há é sempre uma falha, uma falta, e é a partir dela que o sujeito constitui para si, fantasmaticamente, uma versão inconsciente do par parental, garantindo dessa forma, a preservação de suas funções.
Tomado como modelo, por Freud, a partir da tragédia de Sófocles, o Complexo de Édipo é o enlaçamento dos seres falantes a partir da falta fundamental que os constitui. Lacan (1972/1973) assevera: “não há relação sexual”. Não há complementaridade entre os sexos. Homens e mulheres não se constituem em Um. Essa é a castração situada no coração do ser do sujeito. O real marca a estrutura do ser falante por um vazio que é seu mais íntimo e o coloca a procura de seu complemento no campo do Outro. A esse complemento do sujeito, sua parte faltante, a esse objeto jamais encontrado, mas desejado, Lacan dá o nome de “objeto a”. O homem localiza seu objeto a na mulher; já a mulher tem como seu objeto a a criança. Ou seja, é um desencontro. Mas por isso mesmo, os seres falantes se ligam uns aos outros, formando laços que têm função de suplência à impossível complementaridade entre eles.
Dentre todos os tipos de laço, o amor é o maior e o mais importante, pois segundo Lacan (1960-1961/1992,p.345), amar "é dar o que não se tem". O amor surge exatamente da falha, da falta, que em psicanálise recebe o nome de castração. Assim se constituem os diversos agrupamentos humanos, sendo a família o principal deles, por toda a importância que ela tem tanto para o processo de civilização, com a regulação do gozo, quanto para a reprodução sexuada e, principalmente, para a constituição do sujeito.
Segundo Freud, o que levou o homem a constituir família, em tempos imemoriais, teve um fundamento duplo: a compulsão ao trabalho criada pela necessidade externa e o poder do amor. Foi o amor que fez o homem “relutar em privar-se de seu objeto sexual – a mulher – e a mulher, em privar-se daquela parte de si própria que dela fora separada – seu filho”, nos diz Freud (1930[1929]/1976,p.119-121), concluindo que Eros e Ananke (o amor e a necessidade) são os pais da civilização humana.
Seguindo o que nos ensina a psicanálise, o que constitui então uma “boa família”, para um sujeito, é a que possibilita a transmissão simbólica para que a falta que constitui esse sujeito possa vir a ser metaforizada a partir da operação da função paterna que a eleva ao simbólico. Com essa metáfora, cujo resultado é a significação fálica, há a possibilidade de se operar com a linguagem de maneira a dar significação ao mundo e a de se inserir na partilha dos sexos, tendo o falo como ancoragem e referência.
Mas, como sabemos, a estrutura simbólica não recobre tudo e não é a única transmissão possível ao ser falante. Também o resto que escapa à simbolização transmite-se de geração em geração, participando da herança que se recebe e se lega. Em Moisés e o Monoteísmo, Freud (1939[1934-38]/1976,p.119) fala de “herança arcaica” – a transmissão de marcas mnêmicas do vivenciado pelos antepassados, e que, “por não poderem ser transmitidas pela comunicação ou pela educação” (Ibid,loc.cit.) transmite-se através de resíduos. Essa é a parte heterogênea ao simbólico, tem a ver, portanto, com o Real, com o objeto a.
Poderíamos dizer então que mais que seus personagens, o que estrutura a família é a falta que constitui seus elementos, ou seja, o Real em jogo, particularizando de maneira radical o enlaçamento entre aquelas subjetividades através dos recursos do simbólico - da linguagem - e sua premissa básica: o mal-entendido. Esse é o legado que se recebe e se transmite, causa do sujeito, o que o compele aos dois operadores da falta – o falo e o objeto a – a partir dos quais se ergue o aparelho psíquico, se constitui o sujeito.
A família, para a psicanálise, é, portanto, a cena em que estão presentes os desejos inconscientes que a compõem, o palco onde o drama edípico se realiza, onde o sujeito se constitui. Ali estão presentes, como já dissemos, não propriamente o pai, a mãe e o filho, mas o sujeito, o Outro primordial (que faz a função materna acolhendo o sujeito em sua subjetividade, onde circulam os objetos pulsionais e se transmite a língua materna, ou seja, lalíngua, o simbólico que concerne à psicanálise), a função paterna (que se aloja na maneira particular como cada um pode ocupar a função do pai, que é a de enlaçar o desejo à lei) e o operador fálico que movimenta a estrutura. Mas, não nos esqueçamos também de que a família é a morada do pequeno outro, o irmão, o semelhante, com toda a carga de drama imaginário que disso decorre.
Ou seja, a família é precipuamente o lugar onde o sujeito pode, ao ser acolhido no desejo do Outro, do Outro Primordial, receber a inscrição simbólica que o intima a se constituir sujeito, como uma resposta do real. A partir daí, ele poderá encontrar seus próprios recursos, na estrutura que o determina, para realizar seu destino como ser falante.
O que está em jogo então, para a família, é a maneira como cada um pôde se haver com a falta que o constitui, como se posicionou diante dela e como a transmite para os seus descendentes, ou seja, o que se transmite é a própria castração. Portanto, está em questão a própria vivência edípica de cada um de seus elementos, de cada um dos cônjuges, numa transmissão que os coloca em uma linhagem que se perpetua dos ascendentes aos descendentes e os coloca em um ponto de passagem, aquela da transmissão, a partir do mal-entendido da linguagem.
Portanto, acredito que embora jurídica e socialmente todos tenham a sua família, para a psicanálise só podemos falar que de fato tem uma “boa família” aquele sujeito que puder constituir sua filiação ao simbólico. Somente esse poderá articular uma continuidade psíquica entre as gerações e se contar em uma linhagem que o coloca em um ponto de passagem de seus ascendentes aos descendentes. Somente este poderá cumprir o desígnio do poeta: "Aquilo que herdaste de teus pais, conquista-o para fazê-lo teu" (Goethe apud Freud, 1913[1912-1913]1974,p.188). Essa transmissão independe da conformação social e fenomenológica da família, depende única e exclusivamente da preservação das funções em seu seio, na maneira como seus personagens as encarnam.
A partir da posição diante do falo é que homens e mulheres podem assumir o seu sexo: ter ou não ter o falo. Está em jogo, portanto, como a mulher construiu a saída para a sua falta fálica, aquela que funda o desejo sexual. É a partir desse ponto que ela pode vir a desejar um filho, como um substituto que venha a compensar sua decepção de origem, ponto crucial de cuja interpretação dependerá a posição do sujeito.
Sabemos que a menina se “desliga” da mãe, seu primeiro objeto, e se dirige ao pai, por uma transferência libidinal. Coberta de ressentimentos com a mãe, a quem ela acusa de não lhe dar aquilo que a própria mãe não tem, a menina busca no pai um refúgio, uma defesa contra o horror da falta fálica que ela percebeu na mãe. Saber lidar com a própria falta não seria então aquilo que Lacan (1969/2003, p.465) aponta em O aturdito como a menina esperar da mãe “um pouco mais de substância"?
Também a posição do homem no complexo de Édipo entranha uma complexidade. Aquilo que costumamos chamar de dissolução do conflito edípico parece não se processar de todo e é isso o que mostra a neurose. Na verdade, como aponta Lacan (1974/2003, p.531) em Televisão, o que vemos é que o homem permanece ligado ao seu objeto primordial: "a Mãe permanece contaminando a mulher para o filhote do homem; o resto é consequência". Por isso o homem precisa rebaixar a mulher, que causa seu desejo, a uma posição depreciada para afastá-la da mãe e poder, assim, desfrutar do encontro sexual, como nos demonstra Freud (1912/1976,p.169) no artigo "Sobre a tendência universal à depreciação na esfera do amor”.
No Seminário A ética da psicanálise Lacan desenvolve longamente a ligação do ser falante com a mãe enquanto das Ding, o objeto perdido de Freud, que fica para sempre marcado no psiquismo fazendo com que todo e qualquer encontro de objeto seja sempre um reencontro com o objeto jamais encontrável, cravado no âmago do sujeito. Só na medida em que o homem puder construir uma separação, uma distância desse objeto, ele poderá elaborar o amor incestuoso que o liga à mãe. Só aí ele poderá de fato escolher uma mulher e acolhê-la em sua subjetividade, mas justamente por encontrar nela traços do primeiro objeto. Ou seja, só assim ele poderá tomar uma mulher como objeto causa de seu desejo e, ao mesmo tempo, objeto de sua ternura. Pois, como nos aponta Freud no texto acima citado, (1912/1976, p.169): “Deve-se afirmar que alguém para ser realmente livre e feliz no amor, tem de sobrepujar seu respeito pelas mulheres e aceitar a ideia do incesto com sua mãe ou irmã”.
A conjugalidade é, portanto, um laço estreitado a partir da falta dos dois personagens. O que está em questão é a posição de cada um em relação à falta que o constitui, ou ainda, ao objeto a que causa seu desejo e que se localiza no campo do Outro ao qual o sujeito transfere sua cota de investimento libidinal, amoroso.
“Amar é dar o que não se tem" (LACAN, 1960/1961), mas por ele normalmente se cobra um bom preço, quando o amor está na vertente imaginária. Na família, o amor enlaça esses seres de falta à procura de complementaridade, e às vezes o faz de tal maneira que o sujeito não consegue se desvencilhar para construir outros laços. Mas, não só o amor os enlaça. A família é o palco de todas as paixões humanas: amor, ódio, ignorância, e seus derivados de ciúmes, inveja e traições. Essas paixões que unem a família, muitas vezes, mais machucam do que nutrem, mais adoecem do que saram, mais aspiram do que deixam respirar. O que nos leva a constatar na clínica, muitas vezes, que aqueles que se sentiram menos amados, puderam construir melhor a separação. No cristal da língua temos o filho pre-ferido.
Mas separação de quê? Quando repetimos com Freud (1909[1908]): “pater semper incertus est, enquanto a mãe é certíssima”, de que mãe estamos falando? A que mãe o sujeito fica apenso, grudado? No texto Os Complexos Familiares (1938/2003, p.41), Lacan nos fala da “Imago materna”, aquela que se fixa no psiquismo a partir do complexo de desmame. E ali aponta que essa imago da mãe deve ser sublimada para que o sujeito possa, a partir dessa operação, construir novos laços e integrar outros complexos ao psiquismo. O nome freudiano para esta vertente da mãe, como aponta Lacan no Seminário A ética da psicanálise é das Ding. A marca do Outro Primordial indelevelmente inscrita no ser falante, por ter sido acolhido na subjetividade daquela mulher específica.
A mãe encarna para o sujeito também o Outro, o grande Outro da linguagem. Ela dá o "banho de língua" que libidiniza o corpo e transmite lalíngua: a verdadeira língua materna. Lalíngua é apreendida a partir da sonata materna, da cantilena com que um sujeito é embalado (ninado, envolvido, embrulhado). Ou seja, aí as palavras são apreendidas não em sua significação, mas em sua potência material. Lacan forjou esse conceito para se referir ao tempo inaugural da saga do sujeito na linguagem. Lalíngua é o simbólico que compete à psicanálise, é a matriz formadora do inconsciente, da matéria de que são formados todos os sonhos, os sintomas, as fantasias, etc.. ou seja, todo o aparelho psíquico. Na Conferência de Genebra sobre o sintoma Lacan nos diz:
Na alíngua qualquer que seja ela, na qual alguém recebeu uma primeira marca, uma palavra é ambígua. (...) É absolutamente certo que é pelo modo como a alíngua foi falada e, também, entendida por fulano ou beltrano, em sua particularidade, que alguma coisa, em seguida, reaparecerá nos sonhos, em todo tipo de tropeços, em todo tipo de formas de dizer. É (...) nesse motérialisme que reside a tomada do inconsciente. (...) Há algo nas crianças pequenas, uma peneira que se atravessa, por onde a água da linguagem chega a deixar algo na passagem, alguns detritos com os quais ela vai brincar, com os quais, necessariamente ela terá que lidar. (...) Restos aos quais mais tarde (...) se agregarão os problemas do que a vai assustar. Graças a isso, ela vai fazer a coalescência, por assim dizer, dessa realidade sexual e da linguagem”. (LACAN, 1998 [1975], p. 10/11).
Então, muito antes de começar a dar sentido às palavras elas já estão ali, inscrevendo a ferro e fogo o texto inconsciente próprio ao sujeito, marcando seu corpo enquanto o pergaminho onde ele é inscrito, a partir do gozo experimentado. Por isso as palavras são em psicanálise chamadas de "significantes". Os significantes são as palavras ao se levar em conta a sonoridade e não a sua significação. Os primeiros significantes que marcam um sujeito são os S1 – aqueles que marcaram o escutador - e são, por isso mesmo, memorial de gozo.
Portanto, é a mãe que, com o seu desejo particularizado, convoca o infans para o campo da linguagem e decalca para cada ser falante o selo de das Ding, pois ela carimba no psiquismo humano a presença desse imaterial como Coisa. Por isso parte do psiquismo jamais será de todo simbolizado, na medida em que é impossível recobrir o Real.
Mas, da mãe é preciso se ter a distância necessária. Sabemos o que significa a expressão: “ficar agarrado na barra da saia da mãe”. Na medida em que essa separação não ocorre, nos diz Lacan (1938/2003) no texto os Complexos familiares, a imago materna salutar em sua origem mostra toda virulência, transformando-se em fator de morte. E continua dizendo que a análise dos casos onde isso não se dá, “mostra que, em seu abandono à morte, o sujeito procura reencontrar a imago da mãe” (Ibid.loc.cit.p.41), chegando a nos dizer que isso é o que vemos inclusive na prática do sepultamento cujo sentido é o de retorno ao seio materno. É uma maneira de Lacan articular em 1938 a face Real da mãe, estabelecendo uma ligação entre a mãe e a morte, ou seja, a pulsão de morte. Trata-se, continua Lacan, “não de uma associação mórbida, mas genérica”, ou seja, esse limite do simbolizável pode ser percebida em outras práticas e ser observada inclusive, “em toda experiência psicanalítica conduzida até o final da análise”. Então, quando Lacan diz nesse texto: a imago materna é
uma assimilação perfeita da totalidade do ser. Nessa fórmula (...) reconhecemos as nostalgias da humanidade: a miragem metafísica da harmonia universal – o abismo místico da fusão afetiva, a utopia social de uma tutela totalitária, todos saídos da obsessão com o paraíso perdido de antes do nascimento e da mais obscura aspiração à morte. (Ibid.loc.cit.p.42)
estamos, portanto, na dimensão da Mãe Real, das Ding, aquela marca da mãe da qual nenhum sujeito pode de fato se separar, por não encontrar recursos para isso.
Algo do psíquico é de natureza a não formar parte do simbólico. Não há simbolização da perda da mãe. A mãe simbólica é a que vai e vem (a do fort da), mas há a mãe real, aquela cuja ausência não é simbolizável. O impensável designa o lugar sem forma que nenhum significado pode habitar. (...) A escrita pode ser considerada como o meio de paliar o inominável do pai. Mas não existe aplicação correspondente para a mãe como das Ding. Como coisa (BRUNO, 2006/2007, p.1).
Aquilo que é o real da estrutura, uma impossibilidade para todo ser falante, levou aos equívocos dos pós-freudianos ao responder imaginariamente a esse ponto, culpando a mãe pelo desamparo e a carência dos analisantes.[2]
É na subjetividade da mãe que algo se processa de maneira a permitir o encaminhamento da questão e facilitar que o filho consiga “sublimar” o real da mãe e conseguir a necessária separação.
É justamente na subjetividade de uma mulher que o filho será tomado, como um substituto fálico, dependendo dela a possibilidade de entrar ou não o pai como efeito de estrutura na subjetivação do filho. Por isso a psicanálise nos ensina que o Pai Simbólico é uma transmissão da mãe. Se a mãe fica satisfeita demais com o filho no papel de substituto, o lugar que ele vai ocupar é o de um tampão para a falta dela. Lacan, portanto, nos aponta que é nos avatares da sexualidade feminina que se pode continuar a questão sobre a relação da mulher com sua cria. Se em Freud o filho é um substituto fálico, Lacan acentua também a dimensão impossível desse objeto. A cria não recobre totalmente a falta da mãe, porque algo nela excede aquilo que poderia se satisfazer pela via fálica. “Convém indagar se a mediação fálica drena tudo o que pode se manifestar de pulsional na mulher, notadamente toda a corrente do instinto materno” (Lacan, 1960/1998,p.739). Ou seja, a mulher é não-toda fálica, portanto, a mãe, como mulher, pode não se satisfazer inteiramente com o falo. É esse ponto da subjetividade da mulher que abre o lugar do pai, ou seja, é na própria subjetividade dela que haverá essa transmissão. A parte mulher da mãe é o próprio limite a ser denominado pai. Portanto, está na subjetividade da mãe, como mulher, essa possibilidade. É na subjetividade dela que se apresenta o cavo onde o sujeito pode amarrar sua linhagem. Seria então o Outro gozo, aquele que a especifica como mulher e a faz Outra para ela mesma, a presença da possibilidade de entrada do pai?
A questão está, portanto, na báscula entre a mãe e a mulher. A “boa mãe” é aquela da qual se pode separar, aquela que acolhe o sujeito em sua subjetividade, e lhe permite decidir da significação de seu desejo, mas justamente porque não está toda ali. Uma parte dela está referida a um para além do falo, portanto, para além do filho como substituto fálico, lugar de onde emergirá o pai ancorado no cavo de sua subjetividade.
Esse ponto traz uma complexidade que muitas vezes na clínica é motivo de questionamentos: poderiam as atividades da vida da mãe, sua carreira, por exemplo, funcionar como esse “para além do filho”? Penso que por mais satisfação que o trabalho possa dar, ele deixa a descoberto a parte mulher daquela mãe, trata-se ainda de satisfação pela via fálica. A mulher é aquela que consente em extrair do encontro sexual sua cota de gozo, necessitando, portanto, o corpo a corpo. Por isso é fundamental que ela não desista de procurar no corpo de outrem aquilo que lhe falta. Nesse ponto se encontra a báscula que introduz o pai imaginário: é fulano. Trata-se do parceiro necessário, aquele apontado e nomeado pela mãe. Na clínica vemos casos de famílias monoparentais onde a criança coloca no horizonte a localização do pai: “quando minha mãe casar, terei um pai”. O pai está no horizonte, o que é diferente de não ter pai. Ou então a criança que constrói um desenho do pai que ela vai ter quando a mãe casar. Ambos os exemplos nos mostram o que aponta Lacan: o pai é aquele que está referido a uma mulher, melhor ainda, é aquele que poderá converter a mãe em uma mulher, por ter tido a coragem de abordar o continente negro da feminilidade. E a clínica nos mostra: se não está presente, o pai pode ser inventado. O pior, muitas vezes, é a presença de um pai que impede a função paterna.
Para a psicanálise, o pai está, portanto, longe de ser o genitor. Na estrutura o pai é o parceiro necessário, aquele que encarna uma função, aquele que vem se assentar no lugar apontado pela mãe e que validará a transmissão simbólica. Ou seja, a presença do pai enquanto uma função é a presença de um desejo dirigido à parte mulher da mãe. E também aqui a clínica nos mostra que independe dos sexos dos genitores pois, mesmo na parceria homossexual, a diferença sexual está posta, ou seja, a partilha dos sexos está operante.
Embora a mãe como ser falante promova a entrada do sujeito na ordem simbólica e, com suas idas e vindas, ratifique isso, a lei que a mãe transmite, se ela está sozinha com o filho, é onipotente, arbitrária, é regida por sua vontade. Ela dá ou não dá, conforme seu capricho. Entretanto, se a mãe se interessa por algo mais além da criança, abre para o sujeito a possibilidade de percebê-la como desejante: o que ela quer? A resposta é um enigma. É aí, como assinala Lacan, que a mãe é afetada em sua potência e um lugar terceiro é apontado. Surge assim, a instância paterna como metáfora, uma função significante que se inscreve no Outro, no qual um nome virá substituir o lugar da ausência da mãe. Este significante é o Nome-do-pai.
Na fórmula da metáfora paterna o Nome-do-pai vem substituir o desejo da mãe e, como resultado, o desejo da mãe é barrado. Há a inclusão desse significante no Outro, e abre-se ao sujeito a via da significação fálica, o que a mãe quer, está, a partir daí, significado no falo. Portanto, com o falo se instaura a falta (Φ: aqui falta) e também a função fálica (- φ /+ φ), com a possibilidade de o sujeito, a partir daí, dar uma significação ao mundo e inserir-se na partilha dos sexos. Opera-se, assim, a castração simbólica. Este é o Édipo freudiano formalizado por Lacan em um matema. No caso onde o Nome-do-pai foi validado, pela operação de significantização, podemos dizer que operou o Pai Simbólico, aquele que teve sua origem na mãe, possibilitando a inclusão do significante Nome-do-Pai no Outro.
Lacan, em suas últimas elaborações sobre esse assunto no seminário RSI (1974/1975), nos mostra que o pai se define por uma função de interdição na estrutura, advinda pelo respeito à sua palavra, alcançada a partir do fato desse homem estar direcionado a uma mulher. Ou seja, a garantia da função do pai está dada pelo sintoma do homem, aquele que o leva a tomar uma mulher como causa de seu desejo, e Lacan acrescenta, "e com ela queira ter filhos com os quais terá cuidado paternal". É por esse sintoma que o pai pode articular para o sujeito aquilo que é a “função do pai”: o enlaçamento do desejo à lei ao apresentar para a criança a interdição da mãe (ao mesmo tempo ele a converte em mulher e mostra para a criança: "essa mulher não), no entanto, ele próprio transgride a proibição ao tomá-la como mulher, por ter sido capaz de se afastar da própria mãe. Só assim o pai opera enquanto agente da castração, a falta inserida em uma troca simbólica. Não é por rivalidade, represália ou competição que se inscreve esta proibição, mas porque a castração é para todos. O pai só pode desfrutar dessa mulher se também aceitou perder aquela outra, sua mãe. Portanto, desejo e interdição são concomitantes.
Lacan postula que o pai é uma função, e portanto, coloca-o como agente, do qual o sujeito pode até prescindir, com a condição de dele se servir. Por isso formula os conceitos de Nome-do-Pai e de metáfora paterna (a matemização do Édipo), e depois chega aos “Nomes do pai”, quando diz que o sintoma é um dos Nomes do Pai, ou seja, o que, na estrutura, faz a função de interdição. Hans precisou fazer uma fobia como suplência a um pai permissivo demais.
Lacan demonstra uma amarração das versões do pai e um postulado: mas a psicanálise precisa ir para além do pai, ao S(A/), porque a crença no pai deixa o sujeito na impotência, no desamparo, ou seja, perpetuado na condição de filho. O que sempre se espera do pai é que ele tenha um saber sobre o gozo e que venha interditá-lo para proteger o sujeito: “dizei uma só palavra e serei salvo!”. Mas o pai não diz, ou diz pouco. É que nenhum homem pode ocupar plenamente esse lugar ao qual é chamado na estrutura. Como no sonho: “Pai, não vês que estou queimando?” Que homem poderia responder a esta pergunta, que homem estaria à altura da função do pai? É por isso que Lacan diz que o pai é sempre insuficiente, humilhado, pois está sempre aquém do lugar ao qual é convocado, ou seja, está em falta com a função. E é justamente isso que nos constitui neuróticos, nos melhores dos casos. Somos sempre compelidos a forjar o sintoma, aquele que vai operar, na estrutura, uma suplência à função do pai.
A família é, portanto, o local onde se realizam "os complexos nodais da neurose" (LACAN, 1938/2003,p.76) com os sintomas que constituem o principal recurso do sujeito, a partir do trabalho simbólico. No texto os Complexos familiares Lacan (Ibid) aponta a neurose para além de uma patologia, como uma maneira do sujeito “mostrar em sua pessoa” as imagens do drama existencial do ser humano.
Então, qualquer que seja a conformação familiar na qual se nasce o que importa de fato é se ela favoreceu ou não a filiação ao simbólico. Se isso aconteceu, o sujeito encontrará seus próprios recursos, constituirá seus sintomas, seu romance familiar, suas ficções, suas fantasias onde articulará a função do pai e a versão da mãe como mulher. O sujeito imagina a mãe como uma mulher infiel e a ela relaciona um homem mais forte e mais potente, mais capaz de dar conta do gozo dela como mulher (FREUD, (1909[1908]/1976, p.246). Ou seja, o sujeito constrói uma versão edípica do casal parental, uma suplência à função do pai e constrói para si, e em si, a necessária separação da mãe, ligando-a a um outro que não ele mesmo. Assim, o sujeito para de se oferecer como o objeto que viria a completar a mãe, ele deixa de ser o falo da mãe.
Portanto, esta é a estrutura do ser falante: a função da mãe, ao oferecer a linguagem, dá o banho de língua que libidiniza o corpo, e ao acolhê-lo em sua subjetividade, permite a constituição do sujeito. A função do pai é enlaçar o desejo à lei, ao transmitir a castração. Dos pais, porém, espera-se sempre mais do que isso. Espera-se que eles encarnem o Outro. Mas, o Outro, nos lembra Lacan, não existe. Por isso, para essas funções, os seres falantes, todos nós, somos sempre insuficientes, pois quem poderá dar garantias para o desamparo?
O embate que se dá na família, portanto, advém do fato de que o que a constitui é uma falta, um troumatisme. O verdadeiro trauma é esse, e é de estrutura, mas é o que nos constitui sujeitos. Como nos diz Lacan (1980) em O mal entendido, o verdadeiro trauma é termos nascido da trama, da urdidura do desejo do Outro, mergulhados no mal-entendido - premissa do simbólico - que nos gerou e que continuaremos também transmitindo para todo o sempre. Pois, nos chama a atenção: quando se fala do desejo de ter filhos, “lembrem-se que ocorre frequentemente que o fundo do desejo de [ter] uma criança é simplesmente isso que ninguém diz: que ele seja como nenhum, que ele seja minha maldição sobre o mundo"". (LACAN, 1961/1962, p.235)
Estamos, portanto, também inseridos nesta linhagem, aquela da transmissão do mal entendido, da ‘maldição’, da mal-dicção. O mal dizer é de estrutura. Caberá a cada um tomar o seu quinhão e se arranjar com o simbólico como puder. Pois, como nos diz Lacan (1969/2003, p.455) em O Aturdito: “como se reproduz o homem? Reproduzindo a pergunta, eis a resposta”. Como não podemos responder, por estrutura, a questão, só nos resta transmitir a castração, e a maneira como cada um de nós pôde trabalhar com ela.
Não é culpa de papai e mamãe, mas ao contrário, a solução é justamente essa: ser tomado na subjetividade de uma qualquer (no sentido de Qual quer?) a que responder com seu desejo, esta é a mãe (o filho do homem é sempre adotivo). E esta, por estrutura, carrega em si mesma a falta que a endereça a um homem suposto ter o que ela deseja, e que poderá ser nomeado “pai”. Homem que, por sua vez, também carrega em si a falta que o coloca vertido, endereçado a uma mulher. E assim caminha a humanidade...
Em outras palavras, que sejamos mais felizes de ter a família que temos - que nos permitiu forjar nossa realidade psíquica - pois foi essa que nos possibilitou ser o que somos. E daí, quem sabe, também possamos ter uma certa com-descendência ou até mesmo com-miseração com os nossos. Pois afinal, estamos em uma linhagem da falta, em uma herança da falta, em uma transmissão da falta. E é esse o nosso maior bem: saber lidar com ela, coisa que só o simbólico permite, para além da decifração, na invenção.
O que a psicanálise permite a um sujeito é levá-lo a atingir um saber sobre o que o causa e a bem dizer sua determinação simbólica, a maldição (mal-dicção) que o constituiu, operando um corte com o destino. No século XIX o pequeno Hans, Dora, o Homem dos Ratos, e muitos outros, tiveram seus impasses e souberam lidar com eles. Diante de um pai insuficiente, dentro de uma família tradicional, Hans construiu para si mesmo um sintoma que lhe fez as vezes dessa função, depois, com a ajuda da psicanálise, conseguiu construir, pela palavra, uma outra saída, até o ponto onde pôde ir. E também todos os outros. Os sujeitos do século XXI, com todas as transformações pelas quais a família está passando, terão também os seus impasses e a psicanálise terá muito a aprender com eles, pois sabemos que o “inconsciente é saber fazer com alíngua” (LACAN, 1972-1973/1985,p.190), o recurso maior do sujeito. Que possamos estar, como psicanalistas, à altura desta tarefa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2006.
[1] Membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano e do Fórum do Campo Lacaniano-BH/MG zildamachado11@gmail.com
[2] Ver a parte III “A Mãe” do livro de Colette Soler “O que Lacan dizia das mulheres”.
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