A Comissão de Direitos Humanos (CDH) debaterá, nesta quarta (29), em audiência pública, os entraves legais à adoção de crianças. Dados mais recentes do Cadastro Nacional de Adoção, do início do mês, mostram que 5.426 crianças esperam um lar no país. O número de famílias interessadas em adotar é de 29.440. Já os dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de fevereiro desse ano, apontam que 44.267 crianças e adolescentes estão em acolhimento institucional; 5.481 crianças/adolescentes foram disponibilizados à adoção; enquanto existem 29.034 pretendentes à adoção.
O desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Tarcisio Martins Costa, explica que a Lei Nacional da Adoção introduziu nos dispositivos que normatizam a adoção no Estatuto da Criança e do Adolescente mais de duzentas alterações que burocratizam e dificultam o processo de adoção. Essa morosidade e complexidade dos procedimentos contribuem para a maior permanência das crianças nas instituições. Para Tarcísio, a adoção é uma questão cultural, que não se resolve apenas legalmente. “A colocação em família substituta de crianças recém-nascidas, brancas e saudáveis não oferece qualquer dificuldade. Sobram adotantes, faltam crianças. A grande dificuldade é com as maiores de quatro ou cinco anos”, completa.
Tarcísio explica ainda que a nova Lei, na tentativa de sanar o problema, limitou a permanência institucional em dois anos (art. 19, par. 1°). “A única justificativa do Juiz será fundamentar sua decisão ao argumento de que não apareceram pessoas para adotá-las, pelo que deverão permanecer abrigadas. Pelo mesmo motivo, de nada adianta impor aos dirigentes das entidades de acolhimento e às suas equipes técnicas o encaminhamento de relatório ao Juízo, informando, a cada seis meses, sobre os infantes institucionalizados (ECA, art. 92, par. 2°). Pelo menos, servirá para lembrar que elas existem e, no seu silêncio, clamam por uma família”, completa.
A audiência pública foi solicitada pela senadora Ana Rita (PT-ES), por sugestão do Grupo de apoio à Adoção De Volta Pra Casa. A entidade, sem fins lucrativos, busca soluções para as questões relativas ao abandono de crianças e adolescentes por meio do incentivo à adoção. Devem participar da audiência a mãe adotiva Sandra Amaral, presidente do Grupo de apoio à Adoção De Volta Pra Casa, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ); o juiz Gabriel Matos, da Corregedoria do CNJ; a presidente da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção, Maria Bárbara Silva; o professor Benedito dos Santos, da Universidade Católica de Brasília; e o representante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República Sérgio Eduardo Marques da Rocha.
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